O perfil de atuação do psicólogo no âmbito educacional tem sido amplamente debatido nos últimos trinta anos, devido à mudança paradigmática da concepção ‘culpabilizadora’ do aluno e pautada em uma conduta clínica e individualizante para a Psicologia Escolar Crítica, a qual propõe novas formas de atuação teórico e metodologicamente fundamentadas em uma perspectiva preventiva, institucional e coletiva que contemple a multideterminação das questões escolares. Este estudo teve por objetivo realizar um levantamento de dados dos perfis sociodemográficos e das formas de inserção de psicólogas(os) escolares educacionais em municípios paraibanos. A pesquisa foi impulsionada pela participação das autoras em um Curso de Extensão acerca da Formação Continuada de Psicólogas(os) Escolares da Rede Pública de Ensino, desenvolvidos por docentes do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba desde 2016. Durante as reuniões surgiu o questionamento sobre o quadro de profissionais de psicologia escolar vinculados às Secretarias de Educação dos municípios da Paraíba, o que impulsionou a busca por uma caracterização de seus perfis. Foi realizado um levantamento de dados no corrente ano por meio da plataforma virtual Sagres do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba. O critério de pesquisa utilizado foi possuir a nomenclatura de agente público Psicóloga(o) Educacional/Escolar com lotação na Secretaria de Educação do Município correspondente. Foram incluídos também cargos com nomenclatura Psicólogo Educacional que estavam em outras Secretarias. Dos 223 municípios paraibanos, 71 possuem um total de 264 profissionais efetivos e/ou contratados como psicóloga(o) educacional atuando junto a Secretarias Municipais de Educação e 29 como psicólogo educacional junto as Secretarias Estaduais de Educação, sendo a maioria (92,15%) do gênero feminino. Em relação às mesorregiões da Paraíba, percebeu-se a prevalência de psicólogas(os) em 28 cidades no Agreste, 16 cidades na Zona da Borborema, 15 no Sertão e 15 na Zona da Mata. Contudo, a cidade de João Pessoa (Zona da Mata) é a que concentra o maior número desses profissionais (131), seguida por Campina Grande com 44 (Zona da Borborema). No tocante à forma de inserção dos 264 profissionais, 218 possuem vínculo efetivo e 46 são contratados. A partir do exposto, de maneira geral pode-se afirmar que comparado ao total de instituições públicas municipais (2.919) de educação formal da Paraíba, (1) há ainda um número reduzido de profissionais de psicologia escolar na rede pública de ensino, visto que pouco mais de um terço dos municípios paraibanos possui em suas escolas Psicólogas(os) Escolares, (2) praticamente metade (49.62%) delas(es) estão lotadas(os) na cidade de João Pessoa, a qual possui regulamentado o cargo de Psicólogo Escolar e a contratação por concurso público. Apesar da dispersão nas mesorregiões, (3) a maioria das(os) profissionais da área (66.28%) está em João Pessoa e Campina Grande, as duas maiores cidades do Estado, o que mostra que (4) a maior distribuição nas cidades do Agreste não se traduz em números mais elevados de contratação profissional. Em relação ao vínculo trabalhista, a maioria das(os) profissionais (78.89%) possui cargo efetivo, indicando entrada por concurso público. Por fim, da maioria da população ser do sexo feminino, repete a relação de gênero e educação que ocorre principalmente no Ensino Infantil e Fundamental I, a qual associa o papel da mulher ao cuidado e à educação das crianças. Considera-se pertinente ampliar e aprofundar o levantamento aqui exposto, com análises qualitativas que contemplem a formação continuada, a atuação e as ações que tais profissionais desenvolvem junto às escolas. Tais informações podem ser relevantes para o planejamento de cursos de formação ancorados em uma perspectiva crítica de atuação, a qual tem sido recomendada pelos documentos oficiais que regem a prática destes profissionais do âmbito escolar.