O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), foi criado em 1998 com o intuito de avaliar os alunos que concluem o Ensino Médio. Com o tempo, o mesmo foi modificado e sua evolução permitiu uma ampliação de seus objetivos. Através da criação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), a metodologia de avaliação dos alunos foi modificada, o que possibilitou que instituições públicas de ensino superior ofertem vagas para alunos participantes do Enem. Estas mudanças, juntamente com as políticas afirmativas de acesso à universidade ampliaram a diversidade de alunos no Ensino Superior, o que foi acompanhado também por peculiaridades e desafios à permanência dos mesmos. Este processo foi observado em um Campus de uma instituição pública de ensino superior no Piauí, pela Direção que, apesar de percebê-lo, tem dificuldades de mapeá-lo, colocando assim a evasão de calouros como uma demanda ao Serviço de Psicologia recentemente formado na instituição. Deste modo, este trabalho tem como intuito relatar a experiência de um serviço de Psicologia Educacional/Escolar de mapeamento das motivações e obstáculos percebidos por alunos do primeiro período do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, turno noite. Foi realizada, então, em junho de 2019, uma atividade coletiva, de aproximadamente duas horas de duração, da qual participaram 30 alunos regularmente matriculados nas disciplinas obrigatórias do primeiro período do curso no semestre 2019.1. O encontro foi dividido em dois momentos. Inicialmente, utilizou-se a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) com o nome do Campus, com o intuito de perceber as afetações dos discentes em relação ao mesmo. Em seguida, foi feita uma roda de conversa, em que os alunos escreviam previamente, em papéis separados, suas motivações e obstáculos para continuarem no referido curso de graduação. A partir disso, voluntariamente, falavam sobre o que haviam escrito, possibilitando à turma a identificação e discussão das temáticas abordadas. As atividades apontam que, de forma geral, os alunos do primeiro período de Biologia têm representações positivas do campus, que é percebido pelos discentes como um local de oportunidades e de crescimento para os jovens da região. Apesar disso, foram apontados vários obstáculos à permanência no curso, sendo os principais: dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, distância da família e problemas financeiros. Esta última questão conta ainda com um agravante, pois no referido semestre o edital para bolsas de auxílio permanência foi lançado apenas nos últimos meses, o que fez com que os alunos participantes da atividade ainda estivessem se inscrevendo para concorrer pela primeira vez, não tendo nenhum deles já contemplado por auxílios com fomento financeiro. Os resultados apontam para a necessidade de fortalecimento dos programas que visam a permanência do alunado e o combate à evasão escolar, com foco no nivelamento de conhecimentos adquiridos na Educação básica, nos programas de assistência socioeconômica ao aluno, e no fortalecimento de vínculos no Campus, que possam contribuir para que o discente lide melhor com a ausência do apoio familiar.