O mercado de trabalho tem exigido cada vez mais daqueles que irão ingressar nesta jornada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação determina que o mundo do trabalho e a educação formal estejam interligados, numa perspectiva que possibilite o aprendizado e a preparação do estudante para a cidadania e para o trabalho. As constantes mudanças no mercado de trabalho tornam o acesso a este universo ainda mais difícil, principalmente para os setores da população historicamente discriminados. Por muito tempo, as pessoas com deficiência não tiveram espaço no contexto laboral, sendo estigmatizadas e excluídas pela sociedade ou tratadas com tolerância e caridade, dentro de uma concepção assistencialista. Essa problemática se remete às dificuldades no processo de escolarização, onde muitos não conseguem sequer adentrar nas séries iniciais da educação básica, em razão das profundas desigualdades sociais que afetam as pessoas com deficiência no Brasil. Por outro lado, aqueles que ingressaram na escola têm sua permanência comprometida por fatores econômicos, pela falta de acessibilidade e pela ausência de um suporte pedagógico que contemple suas especificidades. A conscientização para a importância de políticas públicas e a reivindicação por garantia de direitos da pessoa com deficiência são fundamentais, uma vez que ainda existem muitas barreiras a serem ultrapassadas para que estes sujeitos possam ser incluídos no mercado de trabalho. Porém, todo processo de mudança social requer a superação de preconceitos e mudanças de percepção, principalmente por parte das famílias e da comunidade escolar, as quais têm um papel fundamental na compreensão do mundo do trabalho. Nesse cenário, a Psicologia Escolar tem se dedicado a fomentar novas estratégias para a educação inclusiva, tanto pedagógicas quanto relacionais, que potencialize o desenvolvimento pleno dos estudantes com necessidades educacionais específicas. Essas questões, dentro da Escola Cegos do Maranhão (ESCEMA), foram identificadas como problemáticas – ou não “tratadas”. E frente a elas, se pensou em um projeto de intervenção no contexto do estágio supervisionado onde essa tarefa torna-se obrigatória. O projeto de intervenção elaborado teve como objetivo promover um espaço de reflexão sobre as variáveis controladoras (pessoais, familiares, sociais e contextuais) que envolvem a construção de um projeto de vida, levando o aluno a observar e discriminar as relações existentes entre escolha profissional e a sua história de vida. A metodologia utilizada foi embasada em um conjunto de procedimentos elaborado e apresentado por Moura (2004), foram feitas adaptações tendo em vista que o público-alvo eram estudantes cegos ou com baixa-visão. Participaram da intervenção dez estudantes, de ambos os sexos, com idades entre 12 e 30 anos, alunos regularmente matriculados na ESCEMA, do Ensino Fundamental. O programa foi executado em 8 sessões, ocorrendo em encontros semanais, estruturadas para discussão da problemática profissional. Os materiais utilizados foram: 1. Instrumento de pré e pós-intervenção; 2. Inventário de Satisfação do Consumidor (ISC); 3. Questionário de avaliação do programa. Os principais resultados foram observados através das narrativas que se obtiveram no instrumento de pós-intervenção, pode-se destacar que as discussões sobre o futuro profissional puderam aumentar as expectativas em relação à continuação dos estudos e proporcionar aos alunos conhecimentos sobre diversas profissões, nesse sentido pode-se afirmar que 80% dos estudantes conseguiram efetivar a escolha profissional e 20% avançaram quanto aos critérios pessoais de seleção profissional. Estes resultados indicam que o modelo mostrou-se efetivo e sua regularidade precisa ser mantida a fim de alcançar cada vez mais adolescentes que estudam na ESCEMA.
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