Este trabalho resultou a partir da experiência em uma disciplina de Estágio Básico em Psicologia Escolar, ministrada no curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão. As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais visam estabelecer bases comuns nacionais para Educação Básica como um todo: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Dentre essas, há um expressivo número de escolas públicas administradas pelo Exército, Corpo de Bombeiros e/ou Polícia Militar. Essa administração pode ser puramente a nível organizacional e nos cuidados físicos das instalações e documentos, como também na parte educacional da escola, com a presença de professores ou gestores militares frente as disciplinas ou departamentos na escola e atividades específicas com o enfoque militar. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho foi o de observar a dinâmica escolar em uma instituição pública administrada pela Polícia Militar do Maranhão, compreender o seu funcionamento, suas demandas e a atuação do profissional de psicologia. Os instrumentos utilizados foram entrevistas semiestruturadas aplicadas aos profissionais que trabalhavam na escola no âmbito docente, técnico-administrativo e operacional. Fez-se uso da também da técnica de observação do tipo participante dos ambientes como sala de aula, sala dos professores, pátio, corredores e demais setores da escola, incluído a observação das atividades docentes e discentes, bem como dos ritos comuns às escolas militares. Os procedimentos e delineamentos metodológicos foram realizados por um período de cinco dias consecutivos. Além da visita de campo, tivemos duas supervisões sob orientação do professor responsável pela disciplina e a culminância do estágio que se concretizou na Mostra de Estágio Básico. Os resultados indicaram, a partir das observações em sala do 6° ano do Ensino Fundamental, que os alunos desta sala eram novatos na escola e apresentavam dificuldades de adequação ao modelo militar, assim como à algumas regras do regimento interno da escola (fardamento, corte de cabelo, horários de chegada, etc.). Além disso, suas dificuldades em sala de aula consistiam em uma mudança de ritmo do Fundamental I (1° ao 5° ano) para o Fundamental II (6° ao 9° ano), e essa transição também comprometia no rendimento e adequação da turma. No tocante às interações sociais, percebeu-se que os alunos provenientes de escolas particulares e os ingressantes de escolas públicas se organizavam por grupos diferentes, tornando o espaço simbolicamente dividido. Por fim, oportunizou-se também uma proposta interventiva como sugestão para a escola, que consistiu em desenvolver uma semana de acolhimento com os alunos novatos do 6° ano, na qual pudesse ser ministrado palestras sobre o funcionamento da mesma, sobre suas normas e possibilidade desses alunos se familiarizarem com o ambiente escolar de caráter militar. Também foi pensada e revelada como possibilidade de melhor interação entre os alunos, a alternativa de apresentar o ambiente escolar como um espaço diverso e plural, sem diferenciações no tipo de egresso dos alunos, integrando-os de modo mais igual e não por divisões de cotas (escola privada, pública ou da comunidade). Concluiu-se que a experiência do Estágio Básico favoreceu o desenvolvimento pessoal e profissional do estudante de psicologia, além de reconhecer a escola como um espaço propício e necessário para a inserção de psicólogos, reconhecendo a importância de uma atuação crítica e eficiente mediando as demandas vivenciadas.