A Legislação Brasileira assegura o acesso à educação ao longo da vida por meio de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades. Porém, a formação deficitária de docentes, o estereótipo de aluno incapaz de aprender e a falta de recursos didáticos adequados estão entre as dificuldades enfrentadas por aprendizes com deficiência. Os recursos didáticos para o ensino de pessoas com deficiência visual (DV) precisam ser fartos, variados e significativos, podendo ser confeccionados, adaptados ou selecionados. Apesar de extremamente relevante, há poucos resultados sistematizados sobre a eficácia e eficiência dos recursos didáticos empregados no ensino de pessoas com DV. Assim, o presente estudo propôs-se a descrever os recursos didáticos empregados no ensino de pessoas cegas a partir de publicações de revistas especializadas em Educação Inclusiva. Após consulta na Plataforma Sucupira foram selecionadas a Revista Brasileira de Educação Especial (RBEE), Revista Educação Especial (REE) e Revista Educação, Artes e Inclusão (REAI), todas da área de ensino com elevada qualificação na avaliação de 2013-2016. Além destas revistas, a Revista Benjamin Constant (RBC) foi incluída por ser a única revista com a temática de Deficiência Visual. As palavras-chaves utilizadas neste levantamento bibliográfico foram: ensino, recursos didáticos, cegueira, cego, deficiência visual. Para ser incluído nesse estudo era necessário que a publicação fosse um relato de pesquisa com participante(s) cego(s) que investigasse a eficácia de determinado recurso didático independente da disciplina e em qual modalidade ou nível de ensino estivessem seus participantes, sem restrição de períodos da publicação. Foram excluídos estudos considerados revisão de literatura, resenha, relato de experiência e teóricos. Posteriormente para averiguação do atendimento aos critérios foi realizada a leitura do título, resumo, texto integral e então foram extraídos os dados para construção de tabelas e a realização de análise dos dados. Foram localizadas na REE e REAI uma publicação cada e onze na RBC. Observou-se que o ensino de matemática concentrou mais estudos, seguido por química e biologia com dois artigos cada e por fim geografia, história e física com um cada. Os estudos avaliados eram qualitativos. Percebeu-se que não houve menção de informações relevantes referentes ao processo de condução metodológica, principalmente em relação à descrição dos participantes. Isso dificultou a identificação das variáveis envolvidas no resultado da aplicação de cada recurso. Com relação aos recursos utilizados nos treze artigos, quatro foram selecionados, seis confeccionados, foram selecionados e confeccionados em dois estudos e em um foi adaptado. O material mais empregado foi o material dourado. Dentre os artigos cujos autores optaram pela confecção, destacaram-se os jogos lúdicos, as maquetes e réplicas táteis. Estes foram confeccionados geralmente com matéria-prima de fácil obtenção, baixo custo e simples, sendo o EVA, o isopor e biscuit os principais geradores de relevo. Além destes, diversos outros materiais foram utilizados. O conhecimento da seleção, adaptação e confecção de recursos didáticos adequados para o ensino de pessoas com DV por educadores é imprescindível, pois contribuirá para o planejamento e avaliação do ensino mais bem-sucedidos. Para tanto, é necessário identificar variáveis que contribuam para o ensino mais eficiente e econômico, identificar novas lacunas e propor novos desafios para estudos futuros.