A Psicologia Escolar e Educacional busca compreender a realidade da instituição escolar e de seus atores. No Brasil, o surgimento dessa área esteve comprometido com o ajustamento de indivíduos, através do uso de testes psicológicos. Com o tempo mudanças aconteceram em nossa sociedade e na escola, requerendo o trabalho de profissionais que possam contribuir com a melhoria do ensino e da aprendizagem. A partir das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), em 2011, foi criado no Brasil, o estágio básico na graduação de Psicologia, que abrange o desenvolvimento de atividades observacionais, pode incorporar práticas basilares supervisionadas, integrando competências e habilidades no processo de formação. No Projeto Político Pedagógico do curso de Psicologia de uma universidade pública, em São Luís - MA, os estágios básicos são seis, tem carga horária de 45 horas, e devem ocorrer do 2º ao 7º períodos, sendo que o estágio em Psicologia Escolar deve acontecer no 4º período, concomitante com a disciplina Psicologia Escolar e Educacional. Justifica-se este relato de um grupo de estagiários, pelo interesse e compromisso da área escolar – o que mobilizou a construção deste estudo, cujo objetivo foi identificar durante o estágio básico, por meio da observação, demandas psicossociais de uma escola pública federal. Trata-se de observações feitas pelos estagiários de psicologia, em 2018, no decorrer de um mês durante quatro horas diárias. Instrumentos utilizados: caderneta e caneta para registros (diários de campo) após as observações, e posteriormente discutidos na supervisão docente. Como principais resultados dessas observações identificaram-se: 1) Nas salas de aula do Ensino Fundamental II – conversas constantes dos alunos, dificultando o ensino e a aprendizagem dos conteúdos, tendo como exceção, as aulas de Artes Cênicas e Musicais; professores que ignoravam o barulho e prosseguiam as aulas, e outros que falam quase gritando para chamarem a atenção dos alunos; 2) No pátio – havia diferentes faixas-etárias de alunos, que conseguiam falar facilmente com os estagiários de psicologia sobre suas angústias pessoais e escolares; e 3) Na sala de reunião, onde estiveram presentes gestores, coordenadores e representante do grêmio estudantil – foram identificadas ideias divergentes sobre o assédio moral e sexual ocorrido na escola, aparentando que teria sido encoberto durante algum tempo, mas com o possível retorno do assediante à escola esse assunto foi retomado, e desta vez, com participações efetivas da comunidade escolar. Sentiu-se a ausência da psicóloga nessa reunião, especialmente porque esse caso pareceu mais discutido no âmbito trabalhista e de remanejamento do assediante para outro setor da instituição. Como principais conclusões apresentam-se essas percepções: a concernência entre a teoria e a prática; o desenvolvimento de habilidades e competências; a importância do contato com a realidade para a formação profissional; a contínua necessidade de mediação e intervenção da Psicologia; a condição de "apagadora de chamas" atribuída pela escola à psicóloga; a importância da participação de estudantes nas discussões; o contato direto com a comunidade escolar; a oportunidade de reflexão sobre o campo como possibilidade de atuação futura; e a construção de novos olhares, tanto no que diz respeito à observação a qual desnaturalizou-se como uma técnica com pouca ou sem relevância, quanto à compreensão da dinâmica escolar.