A presente pesquisa situa-se na interface entre a Psicologia e a Educação, trazendo a música como uma proposta e recurso pedagógico inclusivo no ensino de Libras. O estudo ganha relevância e justifica-se pelo fato de trazer uma temática importante para o processo de inclusão e educação de crianças surdas, assim como por permitir pensar a educação para além de modelos tradicionais de ensino. A educação inclusiva de surdos mostra-se como um desafio, que necessita ir além dos impedimentos e barreiras linguísticas e pedagógicas presentes na sociedade. A música mostra-se como um fator de motivação, mediação e desenvolvimento tanto de crianças surdas como de ouvintes. Através da música a criança consegue externalizar suas emoções e sentimentos, vivenciar experiências sensoriais e socializar-se em grupo. Desse modo, a música além de facilitar a aprendizagem de uma segunda língua, desenvolve inúmeras habilidades, como: raciocínio, criatividade, coordenação motora, autoestima, afetividade, percepção corporal, socialização, dentre outras. A pesquisa teve como principal objetivo compreender a música como recurso pedagógico no ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Além disso, buscou analisar as implicações da música no processo de inclusão e socialização da criança surda no espaço escolar. A pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa e relato de experiência a partir da atuação de pedagogas e psicólogas na Educação Básica de uma escola privada na cidade de Parnaíba-Piauí. O estudo envolveu 24 crianças ouvintes e uma aluna surda que cursam o primeiro ano do Ensino Fundamental- Anos Iniciais. Foram realizadas oficinas com músicas diversas, em que era possibilitado às crianças vivenciar o ritmo, vibrações, movimentos e gestos que a musicalidade proporciona. A partir desse primeiro contato, os alunos tinham acesso a letra da música e, com ajuda da intérprete de Libras, a traduziam para a Libras e, posteriormente, apresentavam-se em momentos festivos e culturais na escola. Com essas atividades foi possível perceber que as crianças aprendiam com mais facilidade, de maneira dinâmica e lúdica, a língua sinais, aumentavam o vocabulário, expressavam-se e socializavam-se de forma satisfatória. A pesquisa mostrou, também, que é possível trabalhar música com crianças surdas, rompendo o paradigma de que a música é algo inacessível para os surdos. Não se trata de inserir o surdo em atividades sonoras e com características ouvintes, mas sim em atividades que sejam significativas tanto para surdos como para ouvintes. Portanto, o trabalho com música além de facilitar a aprendizagem da Libras, permitiu a criação de espaços de valorização da diferença e da cultura surda, promoveu a aprendizagem significativa e a troca de conhecimentos. Projetos com essa perspectiva permitem que a escola não seja vista apenas atrelada à conteúdos acadêmicos, mas como espaço de diversidade, convívio, socialização e fortalecimento de vínculos.