Vindo do estado do Maranhão, onde nascera em 1930, José de Ribamar Ferreira, o Ferreira Gullar, desembarca no Rio de Janeiro em 1951. Aos dezenove anos escreveu seu primeiro livro de poemas Um Pouco Acima do Chão. Logo depois de escrever o segundo livro A Luta Corporal (1954), o poeta passa a integrar o movimento paulista da poesia concreta a partir da então capital federal. Em 1957, Gullar rompe com os poetas de São Paulo, acusando-os de reduzir a atividade poética a um racionalismo. Contra essa perspectiva, o poeta e seu grupo criam em 1959 o neoconcretismo que propunha uma nova linguagem construtivista. No início da década de 1960 Gullar abandona o vanguardismo e se entrega à militância produzindo arte participante. No fim da década de sessenta, após perseguição do regime militar brasileiro, ele parte para o exílio. Em 1977, o poeta retorna ao Brasil e se afasta progressivamente das práticas institucionais da esquerda para tornar-se seu crítico feroz até sua morte em 2016.
O que descrevemos acima é um brevíssimo retrato da trajetória de Ferreira Gullar. É a partir dessa miríade de eventos que o escritor multiplicou os exercícios de rememoração, mas também tentativas de elaboração de protocolos de leitura de sua vida e obra. Lembranças que podem ser encontradas em diversos registros escriturais: poesia, ensaios, crônicas, etc. É nesse sentido que propomos um debate sobre sua produção memorialística/autobiográfica especificamente em prosa. Sem descuidar, é claro, dos cotejamentos possíveis com sua poesia. Discutiremos como o poeta maranhense intenta, em diferentes momentos históricos, reconstruir autobiograficamente o abandono da atividade vanguardista e a viravolta em direção a militância. Essa pretensão de suturar “autos”, “bios” e “grafia” dessa mudança intelectual é um ponto especialmente problemático para Gullar. Ele buscou em sua prosa constituir atos públicos de memória que resolvessem, sem restos e contradições, a dispersão histórica em um arquivo unívoco. Os textos que serão alvo de nossa abordagem são: Cultura Posta em Questão (1965), Poema Sujo (1974), Uma Luz do Chão (1978), Rabo de Foguete: Os Anos de Exílio (1998), Experiência neoconcreta: Momento limite da arte (2007) e Autobiografia poética (2015).
O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.
Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.
Editor(a)
Márcia Edlene Mauriz Lima
Corpo Editorial
Lanna Caroline Almeida (UFPI)
Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)
Aparecido José Cirillo (UFES)
Eduardo Calil (UFAL/CNPq)
Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)
Maria do Amparo Ferro (UFPI)
Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)
Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)
Sergio Romanelli (UFSC)
Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)
Edina Regina Pugas Panichi (UEL)
Livia Sprizão de Oliveira (UEL)
Rosa Borges dos Santos (UFBA)
Mabel Meira Mota (UFBA)
Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Paula Guerra (Universidade do Porto)
Douglas De Sousa (UEMA)
Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)
Henrique Borralho (UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)
Elizabeth Hazin (UnB)
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Cacio José Ferreira (UFAM)
Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)
Diagramação
Francisco Hudson Pereira da Silva
Revisão
Os autores.
Periodicidade
Bianual
Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI
R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí
Telefone: (86) 3213-7441