Entender o processo criativo como circunvolução é considerar sua continuidade e retomada de experiências anteriores. É revisitar o quanto ele involui, para seguir. É abandonar o pensamento de origem e compor uma noção em que não há progresso, mas um mergulho em experiências que traz, por vezes, a maturidade em algumas de suas obras. Vivências, escolhas e intenções engendram este emaranhado que se estende à circulação das obras. Para compor nossa análise, nesta comunicação, revisitaremos o texto de Baudrillard “O que fazer depois da orgia?” a fim de compreender a potência criativa de Nelson Leirner enquanto imaginário fractal. Ainda que o fractal imponha o aspecto viral, há de se considerar que o percurso do fractal acaba por retomar uma mesma imagem que se reproduz infinitamente dentro dela mesma. Esse não é necessariamente o caso que apontamos do processo criativo, já que ainda que podemos reconstituir sintomas, questões que persistem, há de se considerar que ele não se constitui sob um mesmo formato, tendo por fim, nuances particulares que se adaptam no sentido viral, não de pura semelhança. Isto exposto, eis que anunciamos que o processo criativo possui um valor viral no sentido de estabelecer suas intenções e a produção de sentido enquanto gerador de obra. Há uma expansão, uma proliferação e uma dispersão não metódica que se direciona ao mundo. Por mais que o artista busque o controle do processo, há uma parte que lhe escapa. Por mais que ele acredite dominar todo o seu sentido, há uma potência da criação que expande. Através de entrevistas e de documentos processuais investigaremos as escolhas de Leirner enquanto estratégias para sua inserção no mercado de arte para, por fim, traçar possibilidades de resposta para a inquietação que o artista sentia nos últimos anos de sua vida: sentir-se preso no sistema das artes.
O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.
Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.
Editor(a)
Márcia Edlene Mauriz Lima
Corpo Editorial
Lanna Caroline Almeida (UFPI)
Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)
Aparecido José Cirillo (UFES)
Eduardo Calil (UFAL/CNPq)
Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)
Maria do Amparo Ferro (UFPI)
Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)
Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)
Sergio Romanelli (UFSC)
Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)
Edina Regina Pugas Panichi (UEL)
Livia Sprizão de Oliveira (UEL)
Rosa Borges dos Santos (UFBA)
Mabel Meira Mota (UFBA)
Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Paula Guerra (Universidade do Porto)
Douglas De Sousa (UEMA)
Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)
Henrique Borralho (UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)
Elizabeth Hazin (UnB)
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Cacio José Ferreira (UFAM)
Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)
Diagramação
Francisco Hudson Pereira da Silva
Revisão
Os autores.
Periodicidade
Bianual
Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI
R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí
Telefone: (86) 3213-7441