História da arte como história das exposições: novas perspectivas conceituais e metodológicas para uma Sociologia das Arte

  • Autor
  • Henrique Grimaldi Figueredo
  • Resumo
  • Uma sociologia das obras é necessária e possível? É justamente com esta indagação de grande envergadura teórica que Jacques Lenhardt (2017) inicia um debate sobre a focalização das obras - para além dos sistemas que as abrigam - na investigação sociológica. Assessorado por uma tradição durkheimiana, Lenhardt argumenta que quando a sociologia considera a obra de arte - e não somente os produtores de valor, as instituições legitimadoras e suas estratégias de valoração - encontra certas condutas de simbolização da realidade social, isto é, a obra vislumbrada novamente a partir das representações e das relações sociais não somente simboliza - ex nihilo - o social, mas o (re)simboliza. Embora fascinante, a noção desenvolvida por Lenhardt encontra,alguns desafios para efetivar-se. Esse debate recoloca alguns pressupostos que auxiliam em uma abordagem mais pragmática do objeto da arte: (i) a arte necessita de meios materiais de manifestação, de modo que a crença em seu valor social está condicionada à expressão de sua eficácia simbólica que ocorre no mundo prático (BOURDIEU, 1977); (ii) o valor da arte é uma dimensão não intrínseca e depende de um processo de legitimação social (CRANE, 1987); e, (iii) toda arte existente atravessou um processo prévio - e artificial - de artificação, de transformação da prática ou do objeto não-artístico em arte (HEINICH & SHAPIRO, 2012). Se considerarmos a superposição dessa tríade chave de leitura para refletirmos a arte - os artistas, as instâncias de circulação e consagração como medidas sensíveis de apoio às obras - poderíamos reformular a questão inicial de Lendhardt: uma sociologia da arte - contemporânea - é necessária e possível? A resposta é duplamente positiva e complexa. A arte em suas inúmeras manifestações sociais - instituições, mercados, veículos editoriais, escolas, etc - configura um objeto cultural total cuja pesquisa faz emergir diversos desafios conceituais e metodológicos. Qualquer abordagem que pretenda-se integralista encontrará barreiras que a tornarão sempre prismática e perspectivada. Em alternativa, a sociologia da arte enquanto disciplina corresponderá, ao nosso ver, ao somatório de diferentes sociologias de ataque ao tema sob uma angulação de escolha; em outras palavras, da estabilização de um objeto historicamente datado e socialmente situado, interpretado a partir de um arcabouço teórico e empírico específicos. Tomando além disso os debates mais atuais que computam a história das exposições como central ao desenvolvimento das narrativas sobre arte, este trabalho pretende desenvolver um ponto tangente entre a história social e a sociologia que diagnostique - de forma mais funcional - os procedimentos de valoração e legitimação da arte contemporânea. Trabalhando em paralelo com dois conceitos que julgamos fundamentais - os "pequenos eventos históricos" descritos por Nathalie Moureau (2017) e a produção da crença na praxeologia bourdieusiana (BOURDIEU, 1971) - pretendemos, mesmo que panoramicamente, ensaiar um formato híbrido e resolutivo de abordagem a esta categoria sociológica. Destacando os desafios conceituais e metodológicos, sem conduto fixarmos um objeto de análise, este trabalho pretende fornecer pistas que auxliem na apreensão da história das exposições como ferramenta incontornável de uma sociologia e história da arte contemporânea. 

  • Palavras-chave
  • História da Arte; História das Exposições; Sociologia da Arte; Instituições; Produção da Crença
  • Área Temática
  • ENTRE HISTÓRIA E SOCIOLOGIA: FONTES, MÉTODOS E PROCESSOS CRIATIVOS
Voltar

O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI

R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí

Telefone: (86) 3213-7441