A modelagem como processo criativo

  • Autor
  • Felipe Pessin Manzoli
  • Co-autores
  • Fabrício do Rosário Moreira
  • Resumo
  • Neste artigo pretende-se apresentar o resultado de uma revisão bibliográfica sobre o termo “modelagem” na literatura musicológica, com o objetivo de compreendê-la como processo criativo e práxis artística de caráter interdisciplinar. Pretendemos considerar também, o tipo de mediação tecnológica utilizada para registro e reprodução do modelo, para discutir aspectos relacionados à materialidade dos documentos de processos ligados à modelagem.  Identificamos durante a revisão bibliográfica os três principais usos do termo, e classificamos da seguinte forma: (1) ensino de música utilizando a terminologia (2)  ensino de música sem mencionar o conceito (3) utilização da modelagem como uma ferramenta na área da composição musical (4) recurso característico da improvisação musical. Por outro lado, consideramos também três mediações tecnológicas ligadas à aprendizagem e criação musical através de modelos: o corpo (tradição oral), a notação musical (tradição escrita) e a gravação musical (era da reprodutibilidade técnica).

    Nota-se que o conceito de modelagem já conta com pesquisas de diversos níveis e perspectivas consideravelmente distintas no campo da música. No caso de Freitas (2013), temos inclusive, uma revisão da literatura sobre a terminologia, porém, ela se restringe à área da performance musical e ensino de música. Observamos também o sentido deste conceito no âmbito da composição musical (PITOMBEIRA, 2017), através da “modelagem sistêmica”, assim como Hartmann (2019) compreende a modelagem como uma técnica composicional onde os componentes da obra produzida se comportam de maneira análoga aos componentes da obra tomada como modelo. No caso da improvisação musical, identificamos uma classificação feita por Lortat-Jacob (1987) que define quatro tipos de modelos relacionados às músicas improvisadas: (1) modelo-composição (2) fórmula-modelo (3) modelo composto (4) modelo dado ou a ser descoberto.

     

    A abordagem de Freitas (2013) estabelece o procedimento de modelagem como um recurso capaz de ajudar a desenvolver aspectos expressivos. A autora parte da ideia de que a partitura geralmente é utilizada como uma espécie de mapa para a realização musical, enquanto a modelagem seria um mecanismo utilizado pelo músico para ajudar a construir a sua interpretação musical. A pedagogia musical utiliza mecanismos que também podem ser relacionados à ideia de modelo, como instruções verbais, metáforas e a apresentação do modelo executando-o em um instrumento. Diversas pesquisas demonstram que a modelagem supera outras metodologias de ensino em larga vantagem, se comparada com outras formas de aprendizagem (DICKEY, 1992; ROSENTHAL, 1984). Após apresentar os dados bibliográficos recolhidos, utilizaremos uma série de textos ligados à área das Novas Mídias, para discutir sobre as mediações tecnológicas historicamente utilizadas para se produzir e reproduzir música, como a partitura e a gravação musical, discutindo sobretudo os conceitos de materialidade das formas de registro e os tipos de influências que podem surgir dentro de cada lógica operativa. Dentre tais relações, destacamos a noção de in-objeto, apresentado por Vilém Flusser (2006), para compreender os efeitos da imaterialidade dos sistemas digitais de gravação e reprodução de música. Através da discussão levantada neste artigo, pretende-se contribuir para o uso consciente da modelagem, tanto como método de ensino, quanto como processo criativo na composição.

  • Palavras-chave
  • Modelagem, Modelagem sistêmica, Pedagogia musical, composição musical
  • Área Temática
  • PROCESSOS CRIATIVOS E PRÁXIS INTERDISCIPLINARES EM ARTES VISUAIS, MÚSICA E CINEMA
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O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI

R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí

Telefone: (86) 3213-7441