Intertextualidade no processo de criação em Arte Sequencial: relações entre o quadrinhos e o cinema.

  • Autor
  • Narayana Teles Caetano da Silva
  • Co-autores
  • Cláudia Maria França da Silva
  • Resumo
  • Esta comunicação apresenta um relato de pesquisa em Desenho, em nível de iniciação científica, sobre a concepção e realização de uma História em Quadrinhos (HQ). Também chamados de “Arte Sequencial”, os quadrinhos se caracterizam como “uma série de imagens justapostas em sequência”, cuja narrativa gráfica vale-se de imagens para transmitir ideias. (EISNER, 2005). Desse modo, narrativas gráficas compreendem o cinema e as histórias em quadrinhos como seus principais exemplos. Cada uma dessas categorias possui suas especificidades, pois, assim como o cinema, entendemos as HQ como meio que possui sua própria autonomia de linguagem e particularidades de leitura. Mesmo assim, em diversos aspectos essas práticas se articulam e se retroalimentam - não só no produto final, mas em todas as etapas de produção. Tais narrativas gráficas existem dentro da lógica da reprodutibilidade técnica e da indústria cultural, trazendo consigo políticas e contradições pertinentes a esse modo de produção. Assim, a análise e produção de quadrinhos compreende quem produz e sua origem, suas ideias, veículos e aportes conceituais, qual mensagem se transmite, para qual público e com qual finalidade. 

     

    No trabalho autoral em processo, investigo produções já existentes, selecionando múltiplas referências do cinema e dos quadrinhos em diversos aspectos: metodológicos, estéticos, modos de roteirização e edição, uso de storyboards, e enquadramentos interligam-se e articulam-se em uma rede de referências que atravessam variadas camadas do processo criativo. Brevemente, a narrativa trata de uma ficção científica espacial tropicalista e também uma sátira do atual Brasil. A princípio, a sátira seria apresentada de forma humorística e com linguagens e cores leves, mas durante o processo, que compreendeu o ano de 2020, houve um desvio estrutural da narrativa em função da pandemia e do isolamento social. A história foi mudando progressivamente e adquirindo um tom soturno e mórbido. As cores, antes quentes e tropicais, tornaram-se frias e desbotadas. Os traços foram perdendo a definição da ponta de nanquim, dando espaço a distorções pictóricas do pincel, aproximando-se da abstração gráfica. (SILVA e SILVA, 2020)

     

    Se no princípio da pesquisa, o movimento cultural da Tropicália estava na mesa como uma das principais fontes estéticas das composições gráficas, o estudo da filmografia de cineastas como David Lynch e Apichatpong Weerasethakul marca a segunda fase, com uma ambientação mais “noir”. Esta intertextualidade tem provocado algumas alterações no roteiro que dão espaço a experimentações narrativas e traços mais livres, bem como a entrada de alegorias sobre a “decolonialidade” e o “lugar de fala” da pesquisadora-autora – de ascendência indígena, europeia e negra, filha de retirantes nordestinos e residente no sudeste brasileiro.

     

     

    Para esta comunicação, pretendo apresentar alguns documentos de processo das duas fases da narrativa, como pranchas preparatórias das páginas da HQ e fragmentos de roteiro, apontando neles, algumas das referências da estética e do pensamento dos autores mencionados.

  • Palavras-chave
  • Desenho; Processo de criação em Arte Sequencial; Intertextualidade; Cinema
  • Área Temática
  • PROCESSOS CRIATIVOS E PRÁXIS INTERDISCIPLINARES EM ARTES VISUAIS, MÚSICA E CINEMA
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O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI

R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí

Telefone: (86) 3213-7441