Alguns preceitos formulados por Aristóteles e sistematizados na sua poética fazem parte até hoje da nossa compreensão em diversos campos do conhecimento. Entre eles podemos destacar o sentido primeiro de narrativa (gnarrari), como manifestação do conhecimento. Outro ponto relevante com base nos pensamentos aristotélicos é ser inerente ao ser humano a capacidade imitativa e o homem ser constituído por narrativas. Acrescentamos nestas questões os elementos imprescindíveis na narrativo como tempo, espaço e as personagens. Com base nestes aspectos e diante de duas formas narrativas convergentes que dialogam: o roteiro e o filme, pretendemos analisar a autonomia das personagens no processo de execução do roteiro e na concretização do filme. Perceber as singularidades que alguns personagens ganharam nos dois campos criativos. Tomamos por base as ideias de Bakhtin (1981), em Problemas da póetica de Dostoievski quando nos evidencia que a personagem ganha autonomia a partir do momento de pleno desenvolvimento da sua consciência. Sendo assim, durante a elaboração ficcional seja na literatura, cinema e roteiro cinematográfico, os personagens vão vivenciando situações e acumulando experiências que não só os particularizam, como também, o autor “perde o domínio” sobre eles. Essa plenitude é garantida por outro preceito aristotélico: a verossimilhança, pois caso o autor ou o narrador tente infringir nesta autonomia das personagens ele estará comprometendo a lógica interna da narrativa. A pari passu desta ideia, lembremos que o roteiro além de ser um dos elementos de constituição do filme, nem sempre é concretizado ao fim e ao cabo no produto filme. Isso acontece por diversos motivos tais como orçamentário, tempo, condições de atores, entre outros. No caso específico da nossa análise visamos perceber o ganho de autonomia de personagens no roteiro que nem sempre condiz no filme. Analisar, portanto, a diferenciação destas autonomias no roteiro e no filme Bacurau de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Utilizaremos para esta abordagem além de Bakhtin, Aumont (2007), Deleuze (2018). Campos (2010), Gaudreault e Jost (2009), Gomes (2005), Forster (1998).
O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.
Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.
Editor(a)
Márcia Edlene Mauriz Lima
Corpo Editorial
Lanna Caroline Almeida (UFPI)
Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)
Aparecido José Cirillo (UFES)
Eduardo Calil (UFAL/CNPq)
Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)
Maria do Amparo Ferro (UFPI)
Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)
Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)
Sergio Romanelli (UFSC)
Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)
Edina Regina Pugas Panichi (UEL)
Livia Sprizão de Oliveira (UEL)
Rosa Borges dos Santos (UFBA)
Mabel Meira Mota (UFBA)
Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Paula Guerra (Universidade do Porto)
Douglas De Sousa (UEMA)
Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)
Henrique Borralho (UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)
Elizabeth Hazin (UnB)
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Cacio José Ferreira (UFAM)
Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)
Diagramação
Francisco Hudson Pereira da Silva
Revisão
Os autores.
Periodicidade
Bianual
Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI
R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí
Telefone: (86) 3213-7441