INCONVENIENTES PALAVRAS DE UMA SOBRANTE: A ESCRITA FEMININA NO ROMANCE EPISTOLAR CARTA À RAINHA LOUCA

  • Autor
  • Cindy Conceição Oliveira Costa
  • Resumo
  • Carta à rainha louca, publicado em abril de 2019, trata-se de um relato ficcional através de cartas sobre o que as mulheres eram submetidas a vivenciar no Brasil colonial, através da personagem-escritora, que constrói em suas epístolas um tipo de relato autobiográfico, no período que compreende os anos de 1789 a 1792. A história é narrada por Isabel das Santas Virgens, personagem que foi inspirada em uma mulher real. Como conta a própria autora Maria Valéria Rezende em entrevista, em uma de suas pesquisas no Arquivo Ultramarino de Lisboa, ela encontra a história de uma mulher que mantinha uma casa para acolher mulheres “sobrantes”, como eram chamadas as que não faziam parte do sistema colonial, isto é, que não podiam servir para o casamento por não terem dote e nem serem escravizadas por possuir a pele branca. Essas mulheres eram descartadas pelo sistema e não tinham muitas opções para sobreviver, assim, eram acolhidas pela mulher cujas cartas inspiraram a escrita da narrativa. Marcado por certa ambiguidade, o gênero epistolar foi historicamente considerado um gênero menor, alheio ao universo masculino, pois: “Ligado à prática da escrita feminina no século XVII, é a expressão de uma literatura marginal. Gênero ambíguo, a carta pode portar pretensões estético-literárias ou puramente instrumentais, servindo ao seu propósito mais imediato da comunicação” (GODOY, 2010, p. 37). Essa ambiguidade, como apontado pela autora, revela-se como um discurso singular, individual, que pode também carregar os indicadores de uma sociedade, de uma época ou de uma categoria social. Nesses termos, o presente artigo tem como objetivo analisar como Maria Valéria Rezende constrói em seu romance uma personagem-escritora revisitando a tradição de escrita epistolar realizada por mulheres. Desse modo, buscamos apresentar um breve percurso sobre o gênero mencionado e em como às cartas foi atribuído um caráter feminino, o que fez com que se questionasse sobre a sua relação com a identidade da mulher através do tempo. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, em que nos apoiamos em autores como Haroche-Bouzinac (2016),  Diaz (2016), Perrot (2017), Castells (2018), Bouvet (2006), entre outros. Os resultados obtidos apontam que a escrita de cartas no romance é tida como uma forma de resistência e de afirmação da identidade e das memórias da protagonista.

  • Palavras-chave
  • Romance epistolar, Gênero, Identidade feminina, Carta à rainha louca, Maria Valéria Rezende
  • Área Temática
  • ARQUIVO E EPISTOLOGRAFIA: UNIVERSO LITERÁRIO
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O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI

R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí

Telefone: (86) 3213-7441