Esta pesquisa analisa o procedimento do diretor e encenador venezuelano Miguel Issa (1962-) de registrar vários dos próprios gestos de criação num website. A utilização de uma web semântica e de uma rede de recursos digitais para realizar múltiplas entradas e compartilhamentos projetam-no como um criador transmidiático. Observa-se aspectos importantes no trabalho de Issa, destacando-se a ênfase dedicada ao trabalho de consciência corporal como eixo fundamental da fusão das linguagens artísticas envolvidas: dança, teatro, música e textos dramatúrgicos para a realização dos espetáculos. O recorte de pesquisa dar-se-á nos registros de bastidores disponibilizados da criação do monólogo Gregory, Canal de Fe (2020). A hipótese de partida considera as diferentes postagens como um repertório multimídia de rastros e modos criativos, com formatos variados em suporte streaming, tais como: áudios, fotografias, vídeos, sons, podcasts, entrevistas e confissões pessoais sobre os processos de criação dos artistas com quem trabalha. O problema que impulsiona este trabalho é a percepção de que tais repertórios multimídia constituem uma estratégia de montagem digital utilizada por Issa tanto para reiterar as imagens geradoras de seus diferentes projetos artísticos, bem como para produzir reverberações nas criações a partir dos diálogos que se estabelecerem com os espectadores, naquilo que o diretor chama de dramaturgia do movimento, isto é, a dinâmica criativa que absorve os feedbacks do público. Algumas das referências nas quais a pesquisa se apoia são: Bourriaud (2009), Bürger (2012), Salles (2017), Santaella (2004, 2007, 2010, 2013 e 2016) e Wierner (2019).
Referências:
BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BÜRGER, Peter. Teoria da Vanguarda. Tradução de José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
SALLES, Cecília A. Processos de criação em grupo: diálogos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2017.
SANTAELLA, Lúcia. Navegar no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2004.
SANTAELLA, Lúcia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.
SANTAELLA, Lúcia. A estética das linguagens líquidas. In: SANTAELLA, Lúcia; ARANTES, Priscila. (Org. ). Estéticas Tecnológicas: novos modos de sentir. São Paulo: Educ, 2008.
SANTAELLA, Lúcia. Redes sociais digitais. São Paulo: Paulus, 2010.
SANTAELLA, Lúcia. Comunicação ubiqua: repercussões na cultura e na educação. São Paulo : Paulus, 2013.
SANTAELLA, Lúcia. Temas e dilemas do pós-digital. São Paulo: Paulus, 2016.
WIENER, Norbert. Cybernetics: or Control and Communication in the Animal and the Machine. 2. ed. Cambridge: MIT Press, 2019.
O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.
Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.
Editor(a)
Márcia Edlene Mauriz Lima
Corpo Editorial
Lanna Caroline Almeida (UFPI)
Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)
Aparecido José Cirillo (UFES)
Eduardo Calil (UFAL/CNPq)
Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)
Maria do Amparo Ferro (UFPI)
Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)
Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)
Sergio Romanelli (UFSC)
Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)
Edina Regina Pugas Panichi (UEL)
Livia Sprizão de Oliveira (UEL)
Rosa Borges dos Santos (UFBA)
Mabel Meira Mota (UFBA)
Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Paula Guerra (Universidade do Porto)
Douglas De Sousa (UEMA)
Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)
Henrique Borralho (UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)
Elizabeth Hazin (UnB)
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Cacio José Ferreira (UFAM)
Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)
Diagramação
Francisco Hudson Pereira da Silva
Revisão
Os autores.
Periodicidade
Bianual
Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI
R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí
Telefone: (86) 3213-7441