A ética do cuidado de si foucaultiana, por meio do carteggio de Giuseppe Verdi.à Arrigo Boito

  • Autor
  • Carlos Eduardo da Silva
  • Resumo
  • Esta investigação dedica-se a abordar nas cartas do compositor italiano Giuseppe Verdi (1813-1901) o aspecto de "escrita de si", conforme descrito por Michel Foucault. De acordo com o filósofo francês, a arte de viver bem, tão almejada pelos gregos e romanos da antiguidade clássica, fundava-se sobre dois pilares: a máxima délfica do "conhece a ti mesmo"; e um outro axioma menos lembrado, o "cuidado de si". A junção de ambos constituía o que denominava-se technê tou biou, ou, arte de viver, cujo fim estabeleceria o princípio da espiritualidade helênica, qual seja, a felicidade e a paz interior. Dessa forma, para se atingir tal qualidade de existência seria necessário um conjunto de buscas, praticas e experoências tais como as purificações, as asceses, as renúncias, as conversões do olhar, as modificações de existência, etc. Dentre essas práticas, Foucault estabelece que a escrita desempenhou um papel muito importante por muito tempo, pois aparecia associada à "meditação", ao exercício do pensamento sobre ele mesmo e que reativa o que ele sabe. A prática do "cuidado de si" pode remeter a um egoísmo incompatível mesmo com a prática epistolar, mas não está desconectada com o cuidado com o outro, ao contrário, as duas práticas se complementam na medida em que a existência do outro exerce uma interferência na conduta do sujeito que também constitui seu modo de sujeição a partir da visão do outro. E na escrita esse constrangimento tem local nos movimentos interiores da alma. Assim, de acordo com o referido pensador, a carta que se envia age, por meio do próprio gesto de escrita, sobre aquele que a envia, assim como pela possibilidade que opera da leitura e releitura, também age sobre aquele que a recebe. Nesse sentido, escrever é mostrar-se ao outro e dar-se a conhecer a si próprio, em certa medida, e isso significa que a carta, enquanto prática de enunciação, materializa e condensa um discurso sobre si que é ao mesmo tempo edição e montagem (a maneira de se oferecer ao seu olhar através do que lhe é dito sobre si mesmo) e a revelação de um olhar que se lança sobre o destinatário. Nesse sentido, as cartas trocadas entre o maestro italiano e seu último libretista, o poeta Arrigo Boito (1842-1918), oferecem um rico material para coletar-se elementos da abertura que ambos se dão e que revelam uma prática de cuidado de si e do outro que resulta na consolidação de uma relação ética que produziu duas óperas memoráveis no repertório lírico mundial, e uma obra-príma inestimável: a amizade entre ambos. O fundamento teórico será obtido dos Ditos e Escritos IV, V, IX e X de Foucault, bem com A Hermenêutica do Sujeito, o Governo de si e dos outros e A coragem da verdade; e o corpus completar-se-á com as cartas existentes no Carteggio Verdi-Boito, organizado pelo Istituto Nazionale di Studi Verdiani.

  • Palavras-chave
  • Epistolografia, Ética, Cuidado de si, Foucault, Escrita de si
  • Área Temática
  • ARQUIVO E EPISTOLOGRAFIA: UNIVERSO LITERÁRIO
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O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

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