A ascensão de movimentos de extrema-direita no contexto atual representa um fenômeno global que se reflete na eclosão e fortalecimento de uma gama de organizações, partidos e notadamente na conquista da estrutura de poder em muitos países da Europa, América do Norte e América Latina, tal como evidenciado no Brasil. Em consonância com este processso, nota-se a reemergência global de discursos alinhados ao populismo, ao fascismo, à homofobia, à xenofobia e ao racismo cada vez mais presentes nas sociedades, que tem se traduzido também no aumento da intolerância, violência contra grupos sociais minoritários e inúmeras formas de constrangimentos e cerceamento às expressões culturais e artísticas em distintas sociedades. Estas ações evidenciam a cultura e as artes como esferas de intervenção da extrema-direita e revelam estratégias de implantação de plataformas políticas alinhadas a valores conservadores, fortemente articulados a segmentos religiosos, que tem como um de seus pilares o combate às questões de gênero e a reprodução de uma lógica colonial, patriarcal, capitalista e heteronormativa. Este trabalho visa refletir sobre os impactos da ascensão da extrema-direita sobre a cultura e as artes no Brasil, estabelecendo alguns paralelos com outros cenários, com intuito de contribuir para a presente discussão e trazer à luz alguns sinais de alerta que merecem atenção, haja vista os riscos que eles representam à garantia da democracia e do direito humano à cultura e às artes enquanto dimensões da vida, bem como os distintos modos de existência. Com base em pesquisa documental, discute-se alguns casos emblemáticos e situações que se destacaram em período recente. As questões abordadas sinalizam impactos expressivos no contexto do Brasil, bem como apontam convergências em alguns pontos com os cenários observados em Portugal, Hungria e Alemanha. Há sinais importantes de cerceamentos, violações e, sobretudo, de processos de colonização do imaginário social ancorado na exclusão, no ódio, na violência e no combate a todas as formas de diversidades atravessadas e conformadas pela multiplicidade de culturas e expressões artísticas existentes. Isto revela inúmeras fraturas sociais que ameaçam o direito humano à cultura e as artes e colocam em risco a afirmação de sociedades plurais e a manutenção da democracia. Contudo, a cultura e as artes sempre encontram formas de resistir e transgredir.
O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.
Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.
Editor(a)
Márcia Edlene Mauriz Lima
Corpo Editorial
Lanna Caroline Almeida (UFPI)
Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)
Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)
Aparecido José Cirillo (UFES)
Eduardo Calil (UFAL/CNPq)
Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)
Maria do Amparo Ferro (UFPI)
Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)
Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)
Sergio Romanelli (UFSC)
Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)
Edina Regina Pugas Panichi (UEL)
Livia Sprizão de Oliveira (UEL)
Rosa Borges dos Santos (UFBA)
Mabel Meira Mota (UFBA)
Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Paula Guerra (Universidade do Porto)
Douglas De Sousa (UEMA)
Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)
Henrique Borralho (UEMA)
Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)
Elizabeth Hazin (UnB)
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Cacio José Ferreira (UFAM)
Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)
Diagramação
Francisco Hudson Pereira da Silva
Revisão
Os autores.
Periodicidade
Bianual
Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI
R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí
Telefone: (86) 3213-7441