A Dominação Masculina de Pierre Bourdieu: conspiração e detração de Simone de Beauvoir

  • Autor
  • Claudia de Oliveira
  • Resumo
  • Ao lançar O Segundo Sexo, em 1949, Simone de Beauvoir conclui na antífrase, On ne naît pas femme, on devient femme, “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, que a essência feminina precede a existência, portanto, a condição feminina se constrói no social, contradizendo, deste modo, a tradicional perspectiva filosófica sobre a mulher, que a posicionava como um “um ser sagrado”. Para Beauvoir, tal construção encobria uma dominação milenar dos homens sobre as mulheres. Esta constatação “caiu como uma bomba” no campo intelectual francês, majoritariamente masculino. A resposta foi imediata: a reprovação, a condenação, chegando até o mesmo ao linchamento. As detrações partiram desde a direita católica como da esquerda comunista, e, até mesmo das próprias feministas.Em 1998, Pierre Bourdieu publica A Dominação Masculina, obra que, não só silenciava as afirmações de Beauvoir, mas se apropriava das ideias e conceitos da filósofa, utilizando-se, para isto, das críticas que as próprias feministas haviam feito à Beauvoir. Bourdieu foi tão sórdido em A Dominação Masculina que cita Beauvoir em apenas uma nota de rodapé, afirmando que a autora havia fracassado em aplicar sua análise sobre as relações entre homens e mulheres em seu próprio relacionamento com Jean-Paul Sartre.  Ao fazer esta observação, Bourdieu depunha contra o seu próprio conceito de violência simbólica, ao posicionar Beauvoir como uma vítima da dominação simbólica, conceito criado pelo próprio autor. Atualmente, Bourdieu vem sendo acusado por muitos intelectuais estudiosos de Beauvoir, como o sociólogo Michael Burowoy, que afirma que A Dominação Masculina constitui apenas uma pálida reprise das ideias já contidas em O Segundo Sexo e, ainda, acusa Bourdieu de ter conspirado contra Beauvoir para se lançar no campo acadêmico, como um suposto defensor das pautas feministas, em um momento em que os estudos feministas ganhavam cada vez mais espaço no campo acadêmico. Este texto discutirá as relações de gênero no campo intelectual francês, propondo um debate entre os dois autores sobre a construções do lugar e o papel social da mulher. 

  • Palavras-chave
  • gênero; dominação; campo intelectual francês;
  • Área Temática
  • ENTRE HISTÓRIA E SOCIOLOGIA: FONTES, MÉTODOS E PROCESSOS CRIATIVOS
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O Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI promoveu o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia em Teresina-PI, ocorrido nos dias 24, 25 e 26 de março de 2021, visando difundir as pesquisas sobre gênese da criação e arquivologia, além de prestar homenagem aos 10 anos do Núcleo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA/UESPI – um dos núcleos de pesquisa em crítica genética no Brasil. Esse evento bienal reuniu pesquisadores de todo o país e é organizado dentro das diretrizes nacionais dos estudos do processo de criação na literatura; nas artes em geral, e ainda nos estudos da arquivologia. Em sua quinta edição, o V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia teve como sede a UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ, numa organização de Extensão e Pesquisa em Literatura do Grupo de Estudos em Memória e Acervos – NEMA, ligado à Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UESPI. Nesse sentido, o V Simpósio Nacional em Crítica Genética e Arquivologia foi organizado em torno da perspectiva de discussão sobre o papel da crítica textual, da publicação de textos e do arquivamento destes, do processo de criação nas artes, da importância das fontes históricas e da edição crítica como produto final do estudo do manuscrito a ser publicado. Além disso, reforçou também as abordagens teóricas do conhecimento científico que ajudam a entender o processo criador e arquivístico, dentre elas: História da Literatura, Teoria da Literatura, Crítica Literária, História, Sociologia, Educação, Biblioteconomia e Arquivologia. Nesse ínterim, o formato prevê conferências, mesas-redondas, oficinas e simpósios temáticos.

Os Anais do V Simpósio Nacional de Crítica Genética e Arquivologia reúne inicialmente os resumos dos trabalhos apresentados ao longo do evento, distribuindo-se em simpósios temáticos coordenados por pesquisadores de todo o Brasil. Os simpósios temáticos abrangeram elementos específicos referentes à edição crítica e à publicação dos mais diversos textos.

Editor(a)

Márcia Edlene Mauriz Lima

 

Corpo Editorial

Lanna Caroline Almeida (UFPI)

Lueldo Teixeira Bezerra (Centro Universitário Maurício de Nassau/PI)

Raimunda Celestina Mendes da Silva (UESPI-PI/NEMA)

Aparecido José Cirillo (UFES)

Eduardo Calil (UFAL/CNPq)

Rosângela Pereira de Sousa (UESPI)

Maria do Amparo Ferro (UFPI)

Assunção de Maria Sousa e Silva (UESPI/UFPI)

Raffaella Fernandez (UFRJ/PACC)

Sergio Romanelli (UFSC)

Christiane Stallaert (Antwerpen Universiteit)

Edina Regina Pugas Panichi (UEL)

Livia Sprizão de Oliveira (UEL)

Rosa Borges dos Santos (UFBA)

Mabel Meira Mota (UFBA)

Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)

Paula Guerra (Universidade do Porto)

Douglas De Sousa (UEMA)

Emanoel Cesar Pires de Assis (UEMA)

Henrique Borralho (UEMA)

Silvana Maria Pantoja dos Santos (UEMA/UESPI)

Elizabeth Hazin (UnB)

Maria Aracy Bonfim (UFMA)

Cacio José Ferreira (UFAM)

Francisco Hudson Pereira da Silva (NEMA/UESPI)

 

Diagramação

Francisco Hudson Pereira da Silva

 

Revisão

Os autores.

 

Periodicidade

Bianual

 

Núcleo de Estudos em Memória e Acervo - NEMA/UESPI

R. João Cabral - Matinha, Teresina - PI, 64002-150 - Teresina - Piauí

Telefone: (86) 3213-7441