Bivalves do gênero Donax L., 1778 habitam regiões entremarés de praias tropicais. A espécie Donax gemmula Morrison, 1971 possui distribuição restrita às regiões Sul e Sudeste, com apenas um registro para a região Nordeste, no estado do Ceará. Fizemos uma análise conquiliológica e utilizamos técnicas de morfometria geométrica para comparar a forma de donacídeos do estado de Sergipe e de São Paulo. Analisamos conchas de 90 indivíduos do gênero Donax da Coleção de Zoologia da Universidade Federal de Sergipe (CZUFS), coletados em três pontos distintos do litoral da cidade de Aracaju – SE: 30 na praia da Atalaia, 30 na região norte do Mosqueiro e 30 na região sul do Mosqueiro, além de 60 Donax gemmula da Coleção do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, coletados nas cidades de Santos e São Sebastião. Os espécimes foram dissecados, as partes moles e a valva direita retiradas, e a valva esquerda foi limpa e seca para as fotografias das análises. Foram digitalizados 10 landmarks na face interna da valva esquerda no TpsDig2 v.2.32 e a Análise Geral de Procrustes e as análises estatísticas foram realizadas no MorphoJ v.1.07. A análise conquiliológica indicou que os espécimes da população sul do Mosqueiro pertencem à espécie Donax gemmula pois são caracterizados por apresentarem conchas relativamente pequenas para o gênero, faixas púrpuras trirradiais, concha subglobosa com carena uniformemente arredondada e crenulações uniformes ao longo da margem ventral. A espécie dos indivíduos da praia da Atalaia e do norte do Mosqueiro não pode ser identificada, seu tamanho corporal é muito grande em relação à D. gemmula e as valvas possuem uma margem ventral sinuosa e carena uniformemente arredondada, em contraste com a carena quilhada dos demais donacídeos brasileiros. Esses espécimes podem ser juvenis de Donax vellicatus Reeve, 1855 uma vez que essa espécie apresenta tais características. Essa espécie foi registrada apenas uma vez no Brasil, no Rio Grande do Norte, na década de 70. Mais estudos são necessários para confirmar essa hipótese. Na Análise de Componentes Principais (PCA) foi observada uma alta sobreposição entre os espécimes do sul do Mosqueiro e os D. gemmula do Sudeste. Entretanto, os espécimes da praia da Atalaia e do norte do Mosqueiro apresentaram pouca e nenhuma sobreposição com as demais populações, respectivamente. Até o momento, podemos observar que a identificação de D. gemmula em mais um local do litoral nordestino reforça a hipótese de que sua distribuição seja contínua ao longo do litoral brasileiro. O estudo da infauna das praias nordestinas e a verificação da espécie em outros pontos do litoral é necessária para confirmação dessa hipótese. A segunda etapa deste estudo prevê uma análise da estrutura populacional entre os espécimes, de forma a determinar o número de populações independentemente do local de coleta. Também serão feitas análises morfométricas com o uso de semilandmarks na margem ventral para avaliar sua influência na divisão das populações.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia