A biodiversidade é um tema central na ecologia e uma de suas métricas é a abundância relativa das espécies, levando em consideração que as comunidades não consistem em espécies de mesma abundância, refletindo em diferenças entre espécies dominantes e raras, sendo estas últimas, frequentemente definidas pela baixa abundância e/ou distribuição espacial restrita. Nesse sentido, a biodiversidade é refletida a partir da distribuição de gradientes de abundância entre raridade e dominância, e condições ambientais podem delimitar a distribuição da diversidade nos ecossistemas, como por exemplo, a influência da precipitação sobre a estrutura de ecossistemas aquáticos. À vista disso, nosso objetivo é analisar a distribuição de táxons raros da comunidade de macroinvertebrados bentônicos em reservatórios do semiárido. A área de estudo compreende o planalto da Borborema, Paraíba, Brasil, uma ecorregião semiárida que forma um gradiente de precipitação. Coletamos amostras de sedimento de reservatórios dessa região (em julho de 2018) para identificar os táxons de macroinvertebrados bentônicos. Consideramos os táxons raros aqueles que apresentavam menos do que 5% do total de abundância e analisamos a significância da variação (PERMANOVA) de abundância de toda a comunidade em relação a precipitação, e analisamos a porcentagem de similaridade (SIMPER) de abundância das espécies raras no gradiente. Observamos uma variação considerável na distribuição da abundância da comunidade dentro do gradiente de precipitação. Encontramos um total de 6.860 indivíduos classificados em 34 táxons, nos quais, Melanoides tuberculata (Müller, 1774), Goeldichironomus, Asheum e Oligochaeta são dominantes (80% da abundância total) com distribuições mais amplas. Enquanto os demais táxons são raros (20% da abundância total), e frequentemente apresentam distribuições de similaridade de abundância restritas e distintas em relação aos níveis de tolerância às condições de precipitação. Nessa ecorregião semiárida é conhecido o fato de que há uma relação negativa da diversidade de macroinvertebrados bentônicos, em termos de riqueza e biomassa, com relação a precipitação. Além disso, há evidências que sustentam respostas dos macroinvertebrados bentônicos às flutuações hídricas relacionadas à precipitação em região semiárida, indicando que essa variável causa a redução da abundância e diversidade taxonômica e funcional, gerando grupos mais tolerantes e outros mais sensíveis. Desse modo, concluímos que a precipitação contribui com a variação da estrutura da comunidade, influenciando na formação de grupos dominantes e raros de acordo com seus limites de tolerância em distribuições amplas ou restritas, respectivamente. E ressaltamos que uma maior vulnerabilidade de táxons raros pode representar uma perda de organismos mais sensíveis a variação de precipitação, podendo implicar sobre o funcionamento dos ecossistemas.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia