O ecossistema estuarino, confluência de rios com águas oceânicas, possui inúmeras características marcantes, dentre elas o gradiente de salinidade. Esse gradiente desempenha um papel fundamental na fisiologia e na montagem da comunidade dos macroinvertebrados bentônicos. Dessa forma, o estudo da variação funcional, tamanho corpóreo, pode nos fornecer informações importantes sobre a ecologia dos organismos e suas relações com ambiente. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de variações longitudinais de salinidade no tamanho corporal de moluscos e poliquetas em ambientes estuarinos tropicais. Espera-se que os organismos tenham maior tamanho corporal quando localizados em áreas de maior salinidade. Os macroinvertebrados (poliquetas e moluscos) foram coletados com uma draga do tipo Van Veen (500 cm²) na região subtidal durante a maré baixa. A avaliação do atributo funcional tamanho corpóreo da comunidade dos macroinvertebrados estuarinos foi obtida de acordo com artigos publicados da região. À partir disso, identificamos a dominância do tamanho corpóreo dos macroinvertebrados ao longo do gradiente salino, realizando uma média ponderada da comunidade (Community Weighted Mean, CWM) para cada estuário e período sazonal. Após a obtenção dos dados da CWM, conduzimos uma Análise Permutacional de Variância (Permutation Multivariate Analysis of Variance, PERMANOVA) para avaliar as diferenças espaciais e sazonais significativas do tamanho corpóreo ao longo do gradiente salino. Desta forma, encontramos diferenças significativas do tamanho corpóreo ao longo do gradiente de salinidade estuarino, sendo observada apenas entre a Zona I e a Zona IV (PERMANOVA: Pseudo – F 1,16 = 0,9504; p = 0,3791, 9949 permutações), no estuário de Passos no período de maior precipitação pluvial dominância do tamanho corpóreo médio na zona I muito pequeno na zona IV. Diante disso, foi possível observar variação no tamanho corporal dos organismos em resposta a salinidade, visto que eles apresentaram maiores tamanhos corpóreos nas zonas menos salinas e tamanhos menores nas zonas de maior concentração de sais. Esses resultados diferem da literatura visto que, as espécies presentes em locais considerados estressantes, baixa salinidade, a apresentam traços funcionais específicos, dentre eles um pequeno tamanho corpóreo. Dessa forma, outros fatores podem estar exercendo influencia no tamanho corpóreo dos organismos como as concentrações de nutrientes e outras variáveis ambientais. Quando avaliado o período de menor e maior precipitação, verificamos uma dominância de organismos com tamanho corpóreo grande e muito pequeno em ambos os períodos sazonais, porém não apresentou uma diferença significativa (PERMANOVA: Pseudo-F 1,16= 0,9504; p=0,3791, 9949 permutações). Portanto, concluímos que o tamanho corporal dos poliquetas e moluscos variou em relação aos diferentes níveis de salinidade ao longo dos estuários, diferindo da tendência esperada pela literatura, e que nossos dados não foram sensíveis para a variação da precipitação no tamanho corpóreo. Sugerimos que mais de um ciclo sazonal seja mensurado para analisar padrões temporais do atributo funcional tamanho corpóreo da macrofauna estuarina.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia