FATORES AMBIENTAIS QUE FAVORECEM A OCORRÊNCIA DE MOLUSCOS PARASITADOS EM UM RIO DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE

FATORES AMBIENTAIS QUE FAVORECEM A OCORRÊNCIA DE MOLUSCOS PARASITADOS EM UM RIO DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE

• Autor
• Emerson Santos Castro
• Co-autores
• Lucas Henrique Sousa da Silva , Maria do Carmo Nunes Santos , Lucas Ariel de Sousa Aguiar , Edenísio Zacarias Galvão Costa , Manuella Feitosa Leal , Lucilene Lima dos Santos Vieira , Edson Lourenço da Silva , Ana Carolina Figueiredo Lacerda , Tamaris Gimenez Pinheiro
• Resumo

• As estratégias que trematódeos digenéticos utilizam para contornar a especificidade e suscetibilidade de cada hospedeiro são influenciadas por fatores como distribuição e fisiologia destes; além de fatores ambientais. Estudos sobre esses processos no Brasil, especialmente na região Nordeste, ainda são pontuais. Assim, essa pesquisa busca investigar a influência de parâmetros ambientais na ocorrência de moluscos parasitados no Rio Guaribas, município de Picos, Piauí. Os moluscos associados à macrófitas foram coletados bimestralmente entre os meses de outubro de 2021 e agosto de 2022. As macrófitas foram amostradas por meio do lançamento aleatório de um quadrante, do qual retirava-se todo material vegetal. Dados ambientais como temperatura, pH e profundidade da coluna d’água também foram obtidos. Para o estudo das cercárias, os caramujos vivos foram individualizados e submetidos a inspeções com auxílio de um microscópio estereoscópio durante um mês. Para a determinação da taxa de infecção, utilizou-se a equação: Taxa de Infecção=Número de moluscos positivosx100/Número total de moluscos examinados por estação. Para verificar a influência de fatores ambientais sobre a taxa de infecção e riqueza de moluscos parasitados, foram construídos Modelos Lineares Generalizados (GLMs). As variáveis preditoras testadas foram: (1) riqueza de macrófitas por estação, (2) riqueza de modos de vida por estação, (3) profundidade e (4) pH. Um total de 2.255 espécimes de moluscos límnicos foi coletado, sendo identificado e distribuído em oito espécies de Gastropoda. Três espécies apresentaram-se parasitadas: Drepanotrema depressissimum (Moricand, 1839), Biomphalaria straminea (Dunker, 1848) e Stenophysa marmorata (Guilding, 1828), sendo a primeira mais abundante, responsável por 88% da amostra. Sobre as macrófitas, um total de 12 espécies foi identificado e agrupado em três formas biológicas: anfíbias (50%), flutuantes-livre (41,6%) e flutuantes-fixa (8,4%). Oito moluscos apresentaram-se parasitados, dos quais foram identificados quatro tipos cercarianos: Distoma Brevifurcada Afaringeada, Equinostoma, Estrigeocercária e Monostoma. Drepanotrema depressissimum mais uma vez se destaca por estar parasitado por três dos quatro tipos cercarianos amostrados: Equinostoma, Estrigeocercária e Monostoma. Biomphalaria straminea, por sua vez, esteve parasitado por cercárias do tipo Distoma Brevifurcada Afaringeada e Equinostoma. Já S. marmorata esteve parasitado apenas por cercárias do tipo Equinostoma. Mais de 99% da variação da riqueza de moluscos parasitados foi explicada pelo modelo (p<0,05). Tanto a riqueza de moluscos parasitados quanto a taxa de infecção são explicadas principalmente pela riqueza de macrófitas. O número de espécies de moluscos parasitados foi maior em estações com maior riqueza de macrófitas (LRT, Chisq=28,087; p<0,001) e com pH mais elevado (LRT, Chisq=0,6290; p<0,001). Nossos resultados permitiram observar que a riqueza de macrófitas e a diversidade de formas biológicas foram determinantes para a ocorrência de moluscos parasitados no Rio Guaribas. Isso provavelmente ocorre pelas vantagens que as macrófitas proporcionam para os hospedeiros e, consequentemente, aos parasitas - principalmente em ambientes com condições extremas, como os rios intermitentes da região semiárida, que passam por seca periódicas. O parasitismo de moluscos por trematódeos, especialmente com potencial zoonótico, alerta para a importância do monitoramento da malacofauna em rios do semiárido brasileiro, visto a carência de informações sob a biodiversidade local e os múltiplos usos desses corpos d’água.

• Palavras-chave
• Ecologia, Gastropoda, Trematoda, cercária, relação parasita-hospedeiro.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Ecologia (Invertebrados)

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