Macrobrachium acanthurus é uma espécie de camarão de água doce conhecido popularmente como "camarão-canela", “pitú” ou “pitú-canela”. Com ampla distribuição nas Américas, é explorada comercialmente por populações ribeirinhas e utilizada como fonte de renda e proteína. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a distribuição espacial e a fecundidade de M. acanthurus no Rio Jequitinhonha (BA). As coletas ocorreram em oito campanhas durante os meses de julho/2016 e março/2018, em quatro pontos do rio à jusante de uma barragem (P1 a P4). A abundância das categorias demográficas analisadas (as três castas masculinas, fêmeas e fêmeas ovígeras), bem como a fecundidade e a relação entre tamanho corporal da fêmea e o número de ovos acoplados em seu abdome foram comparados entre os pontos de coleta. No total, 938 indivíduos foram coletados: 576 machos, 302 fêmeas e 60 fêmeas ovígeras. O número de machos foi maior que o de fêmeas em todos os pontos. A menor abundância foi registrada em P1 (n=42), e a maior em P3 (n=549). Esse aumento de indivíduos em direção à foz pode ser explicado pela dependência da água salobra e seu ciclo de vida anfídromo. O CC médio dos machos, fêmeas e fêmeas ovígeras foi de 18,34 ± 9,88mm, 16,16 ± 3,41mm, e 12,60 ± 4,93mm de CC, respectivamente. As três castas masculinas estavam presentes nos quatro pontos, e o número de machos das castas dominante e subdominante aumentou em direção à foz, mas houve variações na proporção entre castas, especialmente entre P1 e P4. Acredita-se que o gradiente longitudinal da características ambientais (ex.: temperatura, disponibilidade de alimento, etc.) dos pontos 1 (logo após uma barragem) e 4 (mais próximo ao estuário), provavelmente, é responsável pelas diferentes proporções entre as castas. A abundância de fêmeas ovígeras seguiu a tendência geral da população, e foi maior nos pontos mais próximos a foz (3 e 4). A proximidade com o estuário seria uma vantagem para esses indivíduos, já que diminui o tempo e o gasto energético exigido para sua migração. A fecundidade variou entre 388 e 7815 ovos, com média de 2963,28 ±1886,49. Ficou evidente uma correlação positiva entre tamanho da fêmea e número de ovos. O padrão de distribuição espacial da população reflete o ciclo de vida anfídromo da espécie, típico das espécies com desenvolvimento larval prolongado. Os resultados encontrados contribuem para um melhor entendimento sobre o ciclo de vida da espécie M. acanthurus. Trata-se do primeiro trabalho com espécies polimórficas a considerar a presença dos morfotipos como componente da estrutura populacional e, por isso, apresenta informações mais completas que poderão servir como subsídios para a elaboração de planos de manejo e conservação. É necessário que se aprofunde os estudos populacionais sobre todas as espécies de camarões polimórficas, especialmente aquelas que, atualmente, tem seus estoques naturais explorados.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia