A zona de arrebentação é um ambiente de berçário para as comunidades de peixes marinhos. As espécies Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758), Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766) e Conodon nobilis (Linnaeus, 1758) são encontradas nesse local e são alvos da pesca artesanal no estado de Pernambuco. Para avaliarmos o processo de interação entre indivíduo e fatores ambientais, podemos utilizar a ecomorfologia. Diante dos poucos trabalhos com enfoque ecomorfológico para essas espécies, o objetivo do estudo foi realizar a avaliação da ecomorfologia das três espécies capturadas na zona de arrebentação da praia de Tamandaré, Pernambuco. As coletas foram realizadas entre os meses de setembro e dezembro de 2019 e janeiro de 2020 utilizando uma rede de arrasto do tipo picaré com 20 m de comprimento, 1,5 m de altura e malha com 5 mm de distância entre nós. Os exemplares coletados foram medidos com paquímetro (comprimento total - CT) (precisão 0,01 cm) e pesados em balança (precisão de 0,01 g). Foram aferidas 14 medidas morfométricas com o auxílio de ictiômetro e paquímetro com precisão de 0,1 mm. Para determinar diferenças ecomorfológicas entre as espécies foram analisados 12 atributos responsáveis por determinar funções do seu nicho ecológico, e para avaliá-los foi utilizada uma Análise de Componentes Principais (PCA) sobre os valores médios das variáveis ecomorfológicas atribuídas e calculadas. Além disso, atributos foram selecionados por escores ?0,4 e passaram por uma análise não paramétrica multivariada permutacional de variância (PERMANOVA) (p<0,05) para testar a hipótese de diferença entre as espécies. Por fim, foi aplicada a análise post hoc através de teste t (p<0,05) para identificar possíveis diferenças entre as espécies em pares. Para análise, foram utilizados 45 indivíduos, sendo 19 da espécie P. virginicus, 13 de C. nobilis e 11 de T. carolinus. A distribuição dos valores dos exemplares foi ordenada pelos eixos CP1 (locomoção) e CP2 (aquisição de alimentos). Os escores mostraram que o primeiro eixo está associado ao formato do corpo, indicando sua mobilidade natatória e separando as espécies T. carolinus e C. nobilis, enquanto que no segundo eixo aos aspectos da boca, mostrando uma relação com a posição na coluna d’água e tamanho das presas, separando as espécies T. carolinus e C. nobilis da espécie P. virginicus. P. virginicus e C. nobilis foram associados pelo baixo índice de compressão e de compressão do pedúnculo caudal, que são indicadores de peixes de corpo mais cilíndrico com baixa manobrabilidade. C. nobilis e T. carolinus foram associados pela superfície da boca e forma da boca, mostrando uma superfície bucal pequena, mas não estreita, que pode explicar sua capacidade e preferência alimentar. Em conclusão, as espécies coletadas estão em fase juvenil devido a isso podem estar utilizando a zona de arrebentação com os mesmos fins alimentares nessa fase, mas, apesar disso, apresentam características corporais marcadamente separadas e que refletem seus pares adultos. São necessários mais estudos sobre ecomorfologia de peixes encontrados em zona de arrebentação que correlacionem não somente o ambiente com a espécie, mas também sua ontogenia.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia