O ruído antropogênico é um poluente global e sua influência sobre a natureza muda paisagens sonoras naturais. Essas mudanças podem alterar a forma como os animais forrageiam, se comunicam, encontram parceiros e evitam predadores. A Ecoacústica é uma área relativamente recente de pesquisa que visa investigar o papel ecológico dos sons do meio.Com o aumento de estudos utilizando a ecoacústica, houve também um expressivo aumento no uso de índices acústicos visando caracterizar a ecologia de um sistema. No nosso trabalho buscamos identificar a capacidade dos índices acústicos como ferramentas para avaliar a integridade de dois fragmentos de Mata Atlântica no Nordeste do Brasil. O primeiro fragmento está localizado no estado da Paraíba, no município de Mataraca, em uma área de mineração. A mineradora está em fase de fechamento, no entanto, ainda existe muito minério armazenado para ser transportado o que resulta em um fluxo de caminhões e carros transitando na estrada de acesso a mineradora. O segundo fragmento localizado no Refúgio de Vida Silvestre Mata do Curado, na Região Metropolitana do Recife. É um fragmento urbano, com notável índice antrópico, é margeado pela rodovia BR-232, rodovia de tráfego intenso, pois da acesso ao interior do estado. Realizamos seis meses de coleta de dados acústicos. A coleta acústica passiva foi realizada por meio de cinco gravadores autônomos. Os índices acústicos foram gerados pelo software Kaleidoscope Pro a partir dos áudios de 48 horas de gravações contínuas mensais. Para obter um valor final por ponto amostrado, calculamos a média da duração total da gravação de 48 horas por mês. Utilizamos o Índice de Paisagem Sonora de Diferença Normalizada (NDSI) e o Índice de Complexidade Acústica (ACI), pois ambos são melhor indicadores de biodiversidade,e apresentam correlação positiva com a biodiversidade, pois detectam mudanças na abundância de sons.
Comparamos o NDSI e o ACI entre os cinco pontos das áreas tratamento. Os testes de Kruskal-Wallis mostraram diferenças significativas: Para o NDSI em Mataraca, quando consideramos o teste de Dunn. Nossos resultados apontam o NDSI com fortes relações com a pressão antropogênica, os valores de NDSI no ponto um, apresentam valores mais baixos, esses valores refletem os altos níveis de ruído do tráfego. Os valores de NDSI foram aumentando a medida em que os pontos se afastaram da borda, sendo de maiores valores no interior dos fragmentos, indicando menor ruído antrópico. Para os valores de ACI nossos resultados mostram que os valores não aumentam de forma crescente a medida que os gravadores se afastavam da extremidade da estrada, como esperavamos. No ponto mais próximo da estrada obtivemos os menores valores de ACI, e encontramos maiores valores de ACI no ponto dois, instalado a 100m do ponto um. Esse fato pode ter ocorrido como uma tentativa dos animais de evitar o mascaramento de seus sons pelo ruído, sendo esta uma estratégia adaptativa, onde os animais aumentam a amplitude de suas chamadas. Nossos dados apontam que o uso do NDSI e do ACI como bons fornecedores de informações rápidas de acesso a biodiversidade em áreas impactadas.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia