Os assentamentos humanos e o crescimento urbano têm efeitos profundos nos ecossistemas naturais, levando à criação de ecossistemas novos que apresentam características ambientais peculiares e representam um desafio para muitos organismos, incluindo os artrópodes. A urbanização pode atuar como um filtro ambiental para os artrópodes, gerando padrões de decréscimo de riqueza e abundância e mudanças de composição nas comunidades desses organismos em áreas mais urbanizadas. Baseados nessas premissas e conscientes dos efeitos da urbanização sobre as comunidades de artrópodes, nós avaliamos as comunidades de artrópodes visitantes de Turnera subulata Sm. (Turneraceae) em áreas com diferentes graus de urbanização e amostramos a riqueza e a abundância de espécies e a composição dessas comunidades para testar suas relações com ela. Nós hipotetizamos que a riqueza e a abundância de artrópodes será menor em áreas mais urbanizadas e que a composição das comunidades de artrópodes será afetada pela urbanização já que as cidades são potenciais filtros para estabelecimento e dispersão das espécies de insetos. Coletamos flores de T. subulata na cidade de Penedo, Alagoas, em 14 pontos com diferentes níveis de urbanização, medida como a área total impermeabilizada em um buffer de 300 m de raio em torno de cada ponto de coleta. Testamos se a impermeabilização do solo afeta a composição dos artrópodes que visitam as flores de T. subulata através de Modelos Lineares Baseados em Distância e se a riqueza e a abundância respondem aos usos do solo por meio de regressões lineares. Encontramos que a composição das comunidades de artrópodes visitantes florais de T. subulata é afetada pela impermeabilização do solo, assim como a riqueza e a abundância são negativamente afetadas pela urbanização, em consonância com o encontrado para artrópodes terrestres mundialmente. Há uma tendência na redução da riqueza e abundância de artrópodes com o aumento da área urbanizada e o tempo de estabelecimento das cidades parecem ser fatores fundamentais para a diversidade de artrópodes. A substituição de vegetação por superfícies impermeáveis, resulta na perda de áreas habitáveis para os organismos e na baixa conectividade dos habitats. Nas cidades, em geral, a fragmentação de habitats causada pelo isolamento de áreas verdes em matrizes altamente modificadas também é acompanhada por perda de habitat. Essas alterações têm relação direta com a riqueza de espécies e com a composição das comunidades, pois as taxas de conectividade entre os ambientes são essenciais para a manutenção da biodiversidade local, e a perda das áreas verdes habitáveis diminui essa conectividade, diminuindo também a possibilidade de dispersão. Conforme o esperado, cidades mais antigas apresentam maiores níveis de fragmentação de habitats do que cidades mais novas. Penedo se encaixa neste contexto, com o início de seu povoamento datando de 1565. Além disso, Penedo é uma cidade pequena (ca. de 64 mil habitantes), assim como 94% das cidades brasileiras que têm menos de 100 mil habitantes, definindo nosso estudo como uma boa linha de base para outras comparações a serem realizadas em trabalhos futuros, considerando o efeito da urbanização nas comunidades de artrópodes brasileiras.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia