Os ambientes costeiros possuem uma variedade de substratos que podem servir como habitats para comunidades de invertebrados incrustantes, eles podem ser naturais ou artificiais. Porém, é possível notar que essas áreas podem sofrer a introdução de espécies exóticas. Essa bioinvasão é responsável por diversos problemas ambientais, que vão desde a modificação de habitats, até a perda da biodiversidade local. Dentre alguns grupos taxonômicos importantes ligados ao processo de bioinvasão estão os briozoários (Filo Bryozoa), esses organismos sésseis, possuem elevada capacidade de se estabelecer em vários substratos e alta tolerância às variações ambientais. Atualmente, foram registradas 16 espécies exóticas de briozoários marinhos no Brasil, e outras com potenciais exóticos já são reconhecidas. Sendo, pelo menos sete espécies exóticas já conhecidas para região de Cabo Frio (estado do Rio de Janeiro, Brasil). Por ser uma região com acentuada atividade humana e intenso tráfego de embarcações. O presente estudo buscou fazer um levantamento da fauna de briozoários na região de Cabo Frio, analisando a presença de espécies com potencial exótico. A pesquisa ocorreu na Ilha do Papagaios, na região de Cabo Frio, no sudeste do Brasil, localizada em uma zona de transição entre as províncias tropicais e subtropicais, e banhada por um sistema de ressurgência costeira. Para avaliar a fauna da região, foi utilizado o método de “Rapid Assessment Survey”, onde ocorreram expedições de mergulho em três pontos, coletando em transectos nos recifes naturais e tendo o grupo alvo o Filo Bryozoa. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Estudos de Briozoários (LAEBry), da Universidade Federal de Pernambuco para identificação dos organismos. As espécies foram analisadas, identificadas e classificadas biogeograficamente como: nativas, criptogênicas e exóticas. Um total de 30 espécies de briozoários foram identificados nas enseadas da Ilha dos Papagaios, sendo que apenas seis espécies foram encontradas nos três pontos amostrados: Amathia vidovici, Hippothoa flagellum, Pasythea tulipifera, Plesiocleidochasma acuminata, Savignyella lafontii, Stylopoma hastata e Virididentula dentata. Entre as espécies identificadas, seis espécies foram classificadas como exóticas, sete como nativas e 17 como criptogênicas. É comum registros no Brasil de espécies de briozoários classificadas como criptogênicas, devido ao baixo conhecimento do grupo. Apesar dessas potenciais espécies introduzidas e as exóticas, ainda não foi possível notar nenhum impacto ambiental relacionado à presença dessas espécies na região, bem como não há registros desses impactos relatados na literatura. Ao final deste estudo, notou-se nos substratos naturais da área há um baixo número de espécies exóticas se comparado com as espécies nativas. Apesar disto, o expressivo número de espécies com origem desconhecida e que podem ter potencial invasor (criptogênicas). A grande representatividade dessas espécies pode indicar que o intenso fluxo de embarcações na região pode estar influenciando na composição das assembleias de briozoários estudados. Desta forma, é importante salientar que mais estudos são necessários para verificar essa influência e quais impactos podem ser decorrentes dessa introdução de espécies.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia