Os estuários são ecossistemas altamente produtivos, que fornecem condições ideais para a alimentação, reprodução e crescimento de diversos organismos, como os peixes. As fases iniciais dos peixes são especialmente beneficiadas nesses ambientes, o que influencia a dinâmica dos ecossistemas marinhos e a conservação dos recursos pesqueiros. O objetivo deste trabalho foi descrever a variação espaço-temporal do ictioplâncton na foz do rio São Francisco, no nordeste do Brasil, a fim de contribuir para o conhecimento das espécies presentes na região. Para isso, foram realizadas coletas mensais no trecho do Baixo São Francisco, próximo à confluência com o oceano Atlântico, entre os estados de Alagoas e Sergipe. As coletas foram feitas na superfície e no fundo, em ciclos de 4 horas, utilizando uma rede de plâncton do tipo cônico-cilíndrica, com malha de 500 ?m e um fluxômetro acoplado à boca. Ao todo, foram capturadas 994 larvas representadas por 7 ordens, 15 famílias, 12 gêneros e 11 espécies. Entre as ordens, predominaram os Clupeiformes (54,77%), Gobiiformes (26,57%) e Perciformes (12,68%). As demais ordens Atheriniformes, Beloniformes, Carangiformes, Tetraodontiformes e Syngnathiformes, somaram 5,98%. Encontramos maior destaque para as famílias Gobiidae, Sciaenidae e Engraulidae, exibindo as maiores densidades médias (0,20 ind./10m³, 0,19 ind./10m³ e 0,16 ind./10m³, respectivamente), destacando-se as famílias Gobiidae, Sciaenidae e Engraulidae. A família Gobiidae é diversificada geograficamente, enquanto a Sciaenidae é adaptável a diferentes ambientes e tem relevância comercial. Já a Engraulidae desempenha um papel crucial na cadeia alimentar e na subsistência das comunidades costeiras. Em relação à sazonalidade, as maiores densidades médias das larvas foram observadas em novembro/2014, possivelmente devido ao pico de atividade reprodutiva e ao maior volume hídrico, que criaram habitats propícios. Foram capturadas larvas em todos os estágios de desenvolvimento, com as maiores densidades nos estágios: Pós-Flexão (Pós-F) e Pré-Flexão (Pré-F), respectivamente, o que indica que os ambientes estudados possuem características que são favoráveis para o fases iniciais das espécies de peixes. Quanto à variação nictemeral (dia e noite) e dos estratos de coleta (superfície e fundo), foi evidenciada a utilização de estratégias de migração vertical, com larvas mais desenvolvidas migrando para regiões mais profundas durante a noite. Em resumo, este estudo contribui para o entendimento da diversidade e da dinâmica do ictioplâncton na foz do rio São Francisco. Em relação à sazonalidade e às estratégias de migração vertical os resultados revelaram adaptação das espécies aos ciclos naturais, o que é importante para a gestão dos recursos pesqueiros e para a conservação dos ecossistemas estuarinos.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia