Variação espaço-temporal do ictioplâncton na foz do Rio São Francisco

  • Autor
  • Jackeline Oliveira da Silva
  • Co-autores
  • Ana Karla A. Montenegro , Marcelo Fulgêncio Guedes Brito
  • Resumo
  •  

    Os estuários são ecossistemas altamente produtivos, que fornecem condições ideais para a alimentação, reprodução e crescimento de diversos organismos, como os peixes. As fases iniciais dos peixes são especialmente beneficiadas nesses ambientes, o que influencia a dinâmica dos ecossistemas marinhos e a conservação dos recursos pesqueiros. O objetivo deste trabalho foi descrever a variação espaço-temporal do ictioplâncton na foz do rio São Francisco, no nordeste do Brasil, a fim de contribuir para o conhecimento das espécies presentes na região. Para isso, foram realizadas coletas mensais no trecho do Baixo São Francisco, próximo à confluência com o oceano Atlântico, entre os estados de Alagoas e Sergipe. As coletas foram feitas na superfície e no fundo, em ciclos de 4 horas, utilizando uma rede de plâncton do tipo cônico-cilíndrica, com malha de 500 ?m e um fluxômetro acoplado à boca. Ao todo, foram capturadas 994 larvas representadas por 7 ordens, 15 famílias, 12 gêneros e 11 espécies. Entre as ordens, predominaram os Clupeiformes (54,77%), Gobiiformes (26,57%) e Perciformes (12,68%). As demais ordens Atheriniformes, Beloniformes, Carangiformes, Tetraodontiformes e Syngnathiformes, somaram 5,98%. Encontramos maior destaque para as famílias Gobiidae, Sciaenidae e Engraulidae, exibindo as maiores densidades médias (0,20 ind./10m³, 0,19 ind./10m³ e 0,16 ind./10m³, respectivamente), destacando-se as famílias Gobiidae, Sciaenidae e Engraulidae. A família Gobiidae é diversificada geograficamente, enquanto a Sciaenidae é adaptável a diferentes ambientes e tem relevância comercial. Já a Engraulidae desempenha um papel crucial na cadeia alimentar e na subsistência das comunidades costeiras. Em relação à sazonalidade, as maiores densidades médias das larvas foram observadas em novembro/2014, possivelmente devido ao pico de atividade reprodutiva e ao maior volume hídrico, que criaram habitats propícios. Foram capturadas larvas em todos os estágios de desenvolvimento, com as maiores densidades nos estágios: Pós-Flexão (Pós-F) e Pré-Flexão (Pré-F), respectivamente, o que  indica que os ambientes estudados possuem características que são favoráveis para o fases iniciais das espécies de peixes. Quanto à variação nictemeral (dia e noite) e dos estratos de coleta (superfície e fundo), foi evidenciada a utilização de estratégias de migração vertical, com larvas mais desenvolvidas migrando para regiões mais profundas durante a noite. Em resumo, este estudo contribui para o entendimento da diversidade e da dinâmica do ictioplâncton na foz do rio São Francisco. Em relação à sazonalidade e às estratégias de migração vertical os resultados revelaram adaptação das espécies aos ciclos naturais, o que é importante para a gestão dos recursos pesqueiros e para a conservação dos ecossistemas estuarinos.

     

  • Palavras-chave
  • Estuários, Desenvolvimento larval, Reprodução, Recrutamento e Ciclo nictemeral.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Ecologia (Vertebrados)
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