A observação de mamíferos aquáticos é uma atração turística que ocorre ao redor do mundo. Não há dados disponíveis para tais atividades relacionadas ao peixe-boi das Antilhas (Trichechus manatus manatus) no Brasil. Nós mapeamos as áreas de ocorrência do turismo de observação de peixe-boi marinho no Brasil, compararmos a incidência da atividade por município e estado, identificamos os hotspots, investigamos os aspectos sazonais e temporais do turismo de observação de peixe-boi e acessamos o comportamento dos peixes-boi na presença das atividades turísticas. Usamos o Instagram como fonte de dados para compilar informações sobre a observação de peixes-boi. O turismo de observação de peixe-boi foi registrado em 91 localidades, distribuídas em 19 municípios e nove estados no norte e nordeste do Brasil. Os municípios e localidades obtidos a partir das postagens no Instagram correspondem a distribuição da população existente de peixe-boi das Antilhas no Brasil registradas anteriormente. Seis dessas localidades apresentaram mais de 25 postagens e foram, portanto, consideradas como hotspots. As postagens variaram ao longo dos anos (Kruskal Wallis, H(8): 66.56, p < 0.0001), aumentando de 2013 a 2021. A maioria das postagens retratando o turismo de observação de peixe-boi foi detectada nos meses de verão (dezembro, janeiro, fevereiro e março) (Mann Whitney U test, N1 = 4, N2 = 8, U = 2 p = 0.017). Identificamos 29 tipos de interações entre turistas e peixes-boi. Destas, 13 tipos foram iniciados pelos animais. Classificamos essas interações em três categorias: 1 - interação com embarcação; 2 - interação com observador; 3 - interação com objeto. Quando não realizaram contato direto com as atividades turísticas (interação física entre o peixe-boi e os turistas ou seus objetos), nós observamos 16 comportamentos realizados pelos peixes-boi (nadar na superfície, nadar na coluna d’água, nadar no raso, natação giratória, natação invertida, descanso na superfície, descanso invertido, descanso no raso, caminhar no fundo, flutuar, mergulhar, alimentação na superfície, tocar em outro peixe-boi, abraçar outro peixe-boi, abraçar semi-cativeiro, tentativa de cópula). Nosso estudo detectou a ocorrência do turismo de observação de peixe-boi em 91 localidades, das quais seis foram consideradas como hotspots para essa atividade economicamente positiva para as comunidades locais. Também detectamos várias interações entre peixes-boi e turistas, revelando mudanças comportamentais e habituação por parte dos animais. Os locais mapeados, especialmente os hotspots, devem ser alvo de campanhas de educação ambiental e cursos de reciclagem de boas condutas para guias locais, objetivando garantir a sustentabilidade da atividade de observação de peixe-boi a longo prazo. Recomendamos que os cursos tenham como foco a proximidade entre turistas e peixes-boi, tendo em vista as mudanças comportamentais observadas. Sugerimos a inspeção periódica da plataforma Instagram, traçando estratégias de manejo. Isso pode permitir o monitoramento dos animais quase que em tempo real, fornecendo informações atualizadas para os tomadores de decisões.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia