O Brasil possui uma das maiores áreas costeiras do mundo e apresenta a pesca artesanal como uma das suas principais atividades de extração de recursos marinhos, a qual possibilita fonte de emprego e alimento para inúmeras comunidades locais. Entretanto, quando praticada sem critérios, esta atividade pode causar redução nas populações de pescado, alterando a composição das comunidades ecológicas e ocasionando a extinção de espécies. Assim, propostas de manejo que contemplem o envolvimento comunitário de populações tradicionais, abarcados na exploração dos recursos naturais, têm sido consideradas como eficazes na conservação e manejo desses recursos. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo avaliar as artes de pesca, os recursos faunísticos, e status de conservação das espécies capturadas na Área de Proteção Ambiental (APA) Naufrágio Queimado, estado da Paraíba, como subsídio para o desenvolvimento posterior de planos de manejo e sustentabilidade dos recursos. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas com pescadores artesanais maiores de 18 anos, que realizam a atividade de pesca artesanal na Área de Proteção Ambiental (APA) Naufrágio Queimado, localizada na plataforma continental da Paraíba. Para isso, foram utilizados instrumentos etnográficos: diário de campo e formulários semiestruturados, com aplicação do método de amostragem snowball. Foram entrevistados 41 pescadores artesanais (n = 41) com idade entre 19 e 69 anos (média: 47; ±13,8). A linha de mão se destacou como a arte de pesca mais utilizada pelos pescadores na APA (33%; n = 36). A captura acidental e/ou intencional de tartarugas e tubarões representou 26% (n = 28, ambos) de captura entre os animais não alvos da atividade. Além disso, foram registradas 42 etnoespécies, 45 espécies, 10 Ordens e 24 Famílias de recursos pesqueiros. O Mero Epinephelus itajara foi a única espécie classificada como Criticamente em Perigo (CR), tanto pela Plataforma SALVE (2,2%; n = 1), quanto pela Lista Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (2,2%; n = 1) e pela Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ministério de Meio Ambiente (MMA) (2,2%; n = 1). Além disso, a Raia Hypanus marianae também foi a única espécie avaliada como Em perigo (EN) pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) (2,2%; n = 1). Portanto, o manejo participativo tem se mostrado uma ferramenta essencial para o enfrentamento das questões sobre gestão e uso de recursos pesqueiro, possibilitando a redução de custos relacionados ao gerenciamento da atividade, o cumprimento de regras estabelecidas para o desenvolvimento da mesma e maior participação dos pescadores. Com o desenvolvimento deste trabalho foram identificadas as principais artes de pesca e espécies locais capturadas na APA, assim como o status de conservação desses recursos pesqueiros, o que evidenciou espécies que sofrem ameaça de extinção. Adicionalmente, os resultados da pesquisa fornecem informações importantes para contribuição em futuros planos de manejo da APA, sobretudo, no que concerne o manejo participativo, visando medidas de melhorias na qualidade de vida dos pescadores locais e na proteção da biodiversidade.uequeiroa
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia