Recifes de arenito são ambientes marinhos formados por substratos rochosos inorgânicos que afloram em regiões de praia, antepraia ou plataforma continental, mantendo-se no nível ou acima do nível do sedimento circundante, e abrigam grande diversidade biológica, prestando serviços ambientais variados. Por geralmente possuírem um relevo elevado ou inclinado, as flutuações de luminosidade e temperatura, oscilações das marés e das ondas, entre outros fatores bióticos e abióticos, acabam por influenciar a distribuição vertical das espécies nesses recifes areniticos. No caso dos ambientes recifais entremareais, por exemplo, as regiões superiores passam mais tempo expostas à dessecação, enquanto as inferiores estão mais sujeitas a ação das ondas. Ao longo desse gradiente, diferentes espécies-chave e/ou engenheiros ecossistêmicos podem se suceder, caracterizando uma zonação vertical de organismos bentônicos. Nesses recifes brasileiros, os moluscos estão entre os grupos de animais mais abundantes e prevalentes, acompanhando a zonação recifal, diferentes espécies de molusco se distribuem distintamente ao longo do gradiente vertical. Apesar dos avanços no conhecimento ao longo dos últimos anos, a ecologia de moluscos em ambientes de recifes de arenito ainda é pouco compreendida no Brasil. Visando reduzir essa lacuna, o presente estudo tem por objetivo analisar uma comunidade de moluscos de um ambiente recifal no litoral do estado do Piauí, relacionando variações na composição de espécies com padrões da zonação vertical deste recife. Os dados foram coletados em um recife arenitico localizado na região entre-marés da praia do Coqueiro, município de Luís Correia. Esse recife é formado por nódulos de arenito ferruginoso empilhados, que permanecem relativamente soltos entre si, possuindo algum grau de mobilidade. Duas áreas do recife, com diferentes níveis de exposição às ondas, foram selecionadas (lado exposto e lado abrigado). Em seguida, considerando marcadores biológicos, definiu-se três zonas em cada uma das áreas: a zona das cracas (mesolitoral superior), a zona das algas verdes (mesolitoral médio) e a zona das algas vermelhas (mesolitoral inferior). Em cada zona de ambos os lados do recife, por meio de passos aleatorios, foram inspecionadas ao acaso 30 rochas, totalizando 180 amostras. Cada rocha foi erguida e os moluscos ? 0,5cm visíveis por toda a superfície da rocha e em seu sedimento abaixo foram identificados e contabilizados em campo. Os animais que não foram identificados em campo, foram levados para laboratório para serem identificados. Os dados coletados foram tabelados, e as análises estatísticas foram realizada no software R. Ao todo foram contabilizados 4.727 indivíduos pertencentes a 19 espécies distribuidos nas classes Gastropoda, Bivalvia e Polyplacophora. As análises indicaram que houve diferença significativa na composição de espécies entre as três zonas de ambos os lados do recife, sendo a zona superior a mais distinta, e as zonas inferior e média, apesar de ainda distintas entre si, apresentam maior variabilidade e superposição. Das quatro espécies de moluscos mais abundantes, Echinolittorina lineolata e Brachidontes exustus foram dominantes nas zonas superiores do recife, enquanto Siphonaria pectinata foi mais numerosa nos estratos inferiores, e Nerita fulgurans se mostrou bem distribuída nas três zonas, porém com uma tendência de maior abundância nas zonas superiores.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia