A ARTE DA PESCA ARTESANAL EM UMA COMUNIDADE DE PESCADORES DE TERESINA, PIAUÍ, BRASIL

A ARTE DA PESCA ARTESANAL EM UMA COMUNIDADE DE PESCADORES DE TERESINA, PIAUÍ, BRASIL

• Autor
• Milena Penha Caland
• Co-autores
• Romildo Ribeiro Soares
• Resumo

• A Etnoictiologia é o ramo da Etnzoologia que estuda as relações dos seres humanos com os peixes , cujo conhecimento e uso se difunde em meio às sociedades humanas . Estudos de Etnoictiologia contribuem para a identificação de espécies de peixes de um determinado local, importante para o conhecimento da diversidade regional, oferecendo subsídios para o manejo dos recursos pesqueiros, o que contribui para a preservação e conservação da biodiversidade e o desenvolvimento da comunidade. O presente estudo teve como objetivo registrar o conhecimento Etnoictiológico da comunidade de pescadores artesanais do bairro Poti Velho, município de Teresina, Piauí, Brasil. Foram entrevistados 35 pescadores artesanais da comunidade, com o auxílio de formulários semiestruturados. Os dados foram analisados quantitativamente e qualitativamente. Os pescadores demonstraram um vasto conhecimento sobre a atividade pesqueira e o meio ambiente ao seu redor, foram citadas 32 espécies, distribuídas nas ordens Characiformes, Siluriformes, Perciformes, Clupeiformes, Beloniformes e Gymnotiformes. As espécies mais citadas, foram a branquinha-do-oin (Psectrogaster rhomboides Eigenmann & Eigenmann, 1889) , branquinha-do-oião (Curimata macrops Eigenmann & Eigenmann, 1889), curimatá (Prochilodus lacustris Steindachner, 1906) foram apontadas como as mais frequentes, já o surubim (Pseudoplastystoma fasciatum Linnaeus, 1766), piratinga (Branchyplatystoma filamentosum Lichtenstein,1819), branquinho (Brachyplatystoma vaillantii Valenciennes,1840), e matrinxã (Ageneiosus inermis Linnaeus, 1766) foram citadas como menos frequentes. Os pescadores afirmam conhecer o período da piracema, que compreende de 15 de novembro a 16 de março, e os meses mais produtivos segundo eles são Maio, junho e julho, após a piracema. Um fator que interfere na captura dos peixes é a fase da lua, quanto mais escuro o céu mais peixes são capturados. Os apetrechos mais utilizados por eles são o engancho e a  tarrafa. Concluiu-se que os pescadores detêm um vasto conhecimento que abrange desde a identificação da ictiofauna local, modo de vida e reprodução dos peixes, apetrechos de pesca mais eficazes na captura das espécies, bem como compreendem o meio ambiente ao seu redor, e reconhecem a necessidade da sua preservação para manutenção da atividade pesqueira. Todavia, percebe-se que esse saber está ameaçado principalmente pela perda cultural, pois os jovens têm buscado outras oportunidades de trabalho que a indústria e a tecnologia oferecem. Diante disso é importante desenvolver políticas públicas de incentivo à manutenção e o desenvolvimento da pesca artesanal, como forma de preservar a cultura da pesca e o conhecimento tradicional dos pescadores artesanais.

• Palavras-chave
• Etnoictiologia, pescadores artesanais, conhecimento tradicional
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Etnozoologia

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