A Caatinga se caracteriza por apresentar vegetação dominante do tipo “Floresta Tropical Sazonalmente Seca”. Por muito tempo esse bioma foi descrito na literatura como pobre em biodiversidade, abrigando poucas espécies endêmicas e tendo baixo interesse para fins de conservação. Porém, a realização de estudos mais aprofundados nas últimas décadas, tem evidenciado a alta riqueza de fauna e flora para a Caatinga. Mas toda essa biodiversidade já se encontra em risco devido à intensificação das atividades antrópicas na região. Uma atividade que, nos últimos anos, vem chamando atenção para possíveis impactos no bioma Caatinga são a instalação de parques eólicos, que na maioria dos casos são instalados em áreas serranas. O presente estudo foi realizado na Serra do Parafuso, que está situada no extremo Noroeste do estado de Alagoas. A serra possui aproximada área de 4.200 hectares e altitude variando entre 300 e 810 metros de altitude. O objetivo desse estudo foi caracterizar a avifauna da Serra do Parafuso, visando gerar informações pertinentes à conservação da caatinga, assim, gerando informações que auxiliem no melhor manejo da área, uma vez que, a mesma vem sendo prospectada para instalação de um parque eólico. As amostragens das aves foram realizadas entre outubro de 2018 e janeiro de 2022, totalizando 67 dias em campo. Para as amostragens quantitativas, foram utilizados os métodos Lista de Mackinnon e Ponto de Contagem (de 20 minutos). Levando em consideração o relevo, o solo e o tipo de cobertura vegetal, e a fim de possibilitar comparações, foram delimitadas três áreas de amostragem, a saber: (1) "Vale”, (2) “Encosta” e (3) “Topo da Serra”. Foram registradas 151 espécies em 44 famílias. Desse total, 7 são altamente sensíveis a alterações ambientais, sendo que 6 delas foram registradas no “Topo da Serra”. Considerando os ambientes preferenciais, 54,3% espécies são de habitats “semiabertos”, 29,8% são de habitats “abertos” e 15,9% espécies são de habitats “densos”. Analisando a estrutura trófica dessa comunidade de aves, os grupos mais bem representados foram os invertívoros (80 espécies) e os onívoros (25 espécies). Foram registradas 25 espécies consideradas endêmicas da Caatinga. Foi registrado dois táxons considerados ameaçados de extinção: Penelope jacucaca e Xiphocolaptes falcirostris. A primeira registrada na “Encosta” e “Topo da Serra”, já a segunda foi registrada na “Encosta” Um grupo de aves que são atingidos fatalmente por aerogeradores são espécies planadores, e nesse sentido vale ressaltar a ocorrência do Urubu-rei com ninho instalado nas escapas da serra, sendo esse o único registro da espécie no estado de alagoas. Considerando a avifauna registrada na Serra do Parafuso, a ocorrência de espécies ameaçadas, endêmicas da Caatinga, florestais e com alto grau de sensibilidade a alterações ambientais, evidenciam a importância da serra para a conservação das aves da caatinga alagoana. Esses resultados indicam a necessidade de um planejamento cuidadoso em relação a implantação do parque eólico na Serra do Parafuso.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia