A seleção sexual é determinante na evolução do dimorfismo sexual. Nos crustáceos, esse fenômeno está associado ao desenvolvimento de quelípodos nos machos. No entanto, nos camarões-de-estalo Alpheus, ambos os sexos possuem uma quela bem desenvolvida, e a para desempenhar as mesmas funções. A quela maior é utilizada em disputas agonísticas, reconhecimento de parceiros sexuais e predação, bem como na construção e proteção de abrigos. Investigações com o uso da morfometria tradicional indicam que o dimorfismo sexual nas quelas de algumas espécies de Alpheus é associado ao tamanho e ontogenia. Em nosso estudo, foi testada a hipótese de existência de dimorfismo sexual na forma na quela maior, sendo essa mais robusta nos machos, podendo ser resultado da seleção de machos maiores e com quelas proporcionalmente maiores. Para isso, Alpheus nuttingi foi utilizada como modelo de estudo. Coletamos 32 pares heterossexuais de A. nuttingi, em novembro de 2022, na Praia do Paraíso, Cabo de Santo Agostinho, costa do estado de Pernambuco, Brasil. Os exemplares foram coletados manualmente, sob rochas na região entremarés, durante a maré de sizígia. Uma câmera digital foi utilizada para a obtenção das imagens digitalizadas da quela maior de cada espécime. Vinte landmarks foram digitalizados na quela maior. A análise de componentes principais (PCA), foi utilizada para a ordenação dos dados de forma da quela maior. Em seguida, uma ANOVA de Procrustes foi utilizada como teste de hipótese para dimorfismo sexual na forma da quela maior em A. nuttingi. A PCA explicou 82,88% (PC1 = 71,52%; PC2 = 11,33%) da variação da forma da quela maior (Figura 2). Os resultados obtidos confirmam o dimorfismo sexual na forma da quela maior em A. nuttingi, sendo esse caracterizado, principalmente, pela maior robustez das quelas dos machos. Por outro lado, a quela maior das fêmeas apresentou uma maior proeminência na sua porção proximal. Estudos comportamentais revelam que machos com quelas maiores são priorizados na seleção sexual realizada pelas fêmeas em Alpheus. Isso pode ter favorecido a seleção de machos com quelas maiores e mais robustas ao longo da evolução de A. nuttingi. Nossos resultados contribuem para a compreensão do dimorfismo sexual das quelas em A. nuttingi. No entanto, ainda é necessário avaliar fatores biológicos, ecológicos e evolutivos que possam exercer influência sobre a morfologia das quelas em espécies desse gênero.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia