A sobreexploração de recursos naturais é capaz de desencadear processos que podem causar inúmeros efeitos colaterais nos ecossistemas e em todos os organismos dependentes dele. A atividade merece uma atenção especial nesse contexto. Apesar de ser uma fonte importante de proteína, confecção de ornamentos, fabricação de medicamentos, e até fonte de renda para indivíduos envolvidos. Também é importante lembrar que a defaunação tem efeitos diretos na segurança alimentar, afetando a economia local em diversos níveis. Tendo em vista esse cenário, é importante entender quais fatores influenciam a pressão diferencial de caça para buscar desenvolver estratégias de manejo alinhadas com a ODS 15, buscando opções de subsistência mais sustentáveis. Uma das variáveis que se supõe afetar mais as decisões de caçadores é o custo-benefício. Neste trabalho, buscamos contribuir com essa temática, investigando se caçadores de uma pequena comunidade tradicional em um fragmento de Mata Atlântica selecionam as espécies que caçam orientados por uma lógica de custo-benefício. Os dados foram coletados na comunidade Quilombola Siqueira, situada no município de Rio Formoso, um municípiolocalizado no litoral Sul de Pernambuco e inserido em duas áreas de proteção ambiental. Entre os meses de junho e julho de 2022 nós visitamos todas as residências da comunidade e convidamos todas as pessoas maiores de 18 anos a participar da pesquisa. Inicialmente realizamos uma breve entrevista, registrando dados socioeconômicos, identificando as pessoas que caçam na comunidade e suas motivações. Em seguida, utilizamos o método de Listas Livres para registrar quais animais são caçados na comunidade. Ao longo do mês de janeiro de 2023 retornamos à comunidade para a segunda parte da coleta de dados. Nessa ocasião nós selecionamos as dez espécies com maior frequência de citação nas listas livres e questionamos os moradores sobre a quantidade de pessoas necessária para caçar cada espécie, quanto tempo é necessário para a captura e quantas pessoas aproximadamente um indivíduo daquela espécie alimenta. Além disso, utilizando uma escala Likert não categorizada, solicitamos que os participantes da pesquisa estimassem a pressão de caça relativa sobre cada animal. Nossas análises não evidenciaram nenhum efeito do custo-benefício sobre a pressão de caça independentemente da métrica utilizada. Nossos dados sugerem que é possível que a caça naquela região pode ser movida por outros fatores subjetivos não abordados nesse trabalho. Observamos que, mesmo em uma comunidade tradicional, os fatores que levam as pessoas a caçar são variados e isso pode modificar as variáveis que influenciam a seleção de espécies. Sugerimos que trabalhos futuros avaliem com clareza a complexidade do sistema estudado, formulando hipóteses adequadas para cada contexto.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia