Aves limícolas são aquelas que habitam ambientes límnicos ou de águas rasas, incluindo praias, recifes e estuários, sendo muitas delas aves migratórias. O “Laboratório de Morfologia, Sistemática e Ecologia de Aves (LSEA/ICBS/UFAL)” desde 2016 vinha realizando censos de aves limícolas migratórias no litoral de Alagoas, incluindo a APA de Piaçabuçu, quando, em setembro de 2019, sofreu com um extenso derramamento de petróleo. Diante disso, esse trabalho visa descrever os padrões de variação sazonal na abundância e na seleção de habitat para forrageamento de Batuiruçu-de-axila-preta (Pluvialis squatarola) e da Batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus), avaliando eventuais alterações nesses padrões com o derramamento de petróleo. A pesquisa foi realizada na faixa litorânea, de cerca de 38km, entre o povoado de Miai de Baixo (Coruripe), passando por Feliz Deserto, Pontal do Peba (Piaçabuçu), até a foz do Rio São Francisco, por meio de transectos motorizados quinzenais, durante as marés baixas. Durante o período amostrado C. semipalmatus contou com 5.224 contatos e P. squatarola com 293. Em comparação com as estações anteriores e posteriores ao derramamento C. semipalmatus não sofreu alterações, já P. squatarola, após o derramamento, se concentrou mais no ambiente recifal. No que se refere a variação sazonal, houve aumento na abundância de C. semipalmatus em comparação com os anos anteriores ao evento, já para P. squatarola se verificou tendência ao declínio populacional em comparação com os anos anteriores, demonstrando possível impacto causado pelo derramamento sobre essa espécie. Considerando os resultados, é possível verificar que P. squatarola respondeu de forma negativa ao evento. Já o fato de C. semipalmatus ter elevado sua abundância nos ciclos que se seguiram ao evento pode indicar que a limpeza tenha sido bem-sucedida e que o fluxo de turistas impacte essa espécie negativamente (lembrando que após o derramamento, e em seguida com a crise da COVID-19, o fluxo de turistas foi muito reduzido). Isso posto, conclui-se que as respostas aos episódios variam de acordo com a espécie, por isso monitoramentos constantes para acompanhar a variação populacional dessas aves se faz necessário.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia