Os estuários se encontram na interface entre o oceano e o continente sofrendo mudanças ambientais significativas devido a variações principalmente de salinidade. São biodiversos e vitais para muitos organismos, incluindo o zooplâncton, que são animais que habitam a zona pelágica e ficam à mercê das correntes. Esses organismos adaptam-se às alterações ambientais, enriquecendo as comunidades estuarinas. Portanto, entender a diversidade do zooplâncton em diferentes escalas temporais e espaciais é essencial para compreender a dinâmica dos estuários. É importante destacar a escassez de estudos sobre a variação espaço-temporal do zooplâncton em estuários semiáridos brasileiros, notáveis por sua natureza rasa e sazonalmente hipersalina, portanto, o presente trabalho visa caracterizar espaço-temporalmente a comunidade zooplanctônica dessa região. O estudo ocorreu no estuário do Rio Pacoti, na costa do Ceará. Coletas foram realizadas em abril (chuvoso), agosto (transição) e novembro (seco) de 2022, em 6 estações ao longo do estuário. Amostras de zooplâncton foram coletadas com arrastos subsuperficiais de 3 minutos com rede de plâncton com abertura de malha de 120 um, e posteriormente foram fixadas em formol salino. Dados de salinidade e temperatura foram obtidos através de Castaway CTD. No laboratório, amostras foram diluídas, alíquotas de 2 mL retiradas e analisadas sob microscópio para identificação dos organismos. A validação dos táxons foi feita através dos materiais de El Moor-Monteiro (1997), Neumann-Leitão et al. (2007) e Koste (1978). A maior temperatura obtida foi 30,53 ºC em abril/2002 e a mais baixa foi de 26,93 ºC em agosto/2022. A salinidade mais alta foi de 32,2 e a mais baixa de 0,45. O estuário Rio Pacoti apresenta uma rica comunidade zooplanctônica com 27 espécies, dominada por crustáceos, especialmente copépodes, que desempenham papel vital na cadeia alimentar estuarina. Espécies marinho costeiras (55,5%) e estuarino residentes (18,5%) dominaram, enquanto espécie límnicas estavam restritas às áreas montantes (27,9%). O grupo Copepoda lidera com 20 espécies, destacando-se Paracalanus crassirostris (26,3). O grupo Cladocera incluiu 4 espécies, com Moina micrura predominante (92%), e Rotifera foi representada por três espécies, com Brachionus calyciflorus dominante (72%). A distribuição espacial mostrou copépodes dominantes em todo estuário, com maior densidade no médio estuário, o que já foi observado antes no estuário do Rio Maraú. Rotíferos e cladóceros foram encontrados no alto estuário, mostrando sua preferência pela baixa salinidade. O grupo Appendicularia foi encontrado no médio estuário e o grupo Polychaeta e as larvas de Cirripedia foram encontrados no baixo estuário. A distribuição temporal revelou abundância de copépodes durante a estação chuvosa, com uma presença notável de rotíferos e cladóceros. As variações sazonais na salinidade influenciam essas mudanças. O estuário do Rio Pacoti abriga uma diversidade considerável de espécies zooplanctônicas, com predomínio de copépodes. Variações na distribuição espacial e temporal das espécies foram observadas, com algumas respostas evidentes às mudanças na salinidade. Este trabalho ressalta a importância da investigação da diversidade e distribuição da comunidade zooplanctônica em diferentes escalas espaciais e temporais para subsidiar estratégias de conservação desses ecossistemas, considerando seu papel crucial nas redes tróficas marinhas.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia