UTILIZAÇÃO DA MEIOFAUNA COMO FERRAMENTA BIOINDICADORA DE IMPACTOS ANTROPOGÊNICOS AO REDOR DA ESTAÇÃO CASEY, NA ANTÁRTICA ORIENTAL

  • Autor
  • Aisha Ribeiro Mendes de Oliveira
  • Co-autores
  • Débora Alissandra de Araújo França , Renan Belém da Silva , Nathan Lorenzo de Sena Gotti , Giovanna Lins Pessoa , Giovanni Amadeu Paiva dos Santos
  • Resumo
  • No ambiente marinho, poluentes causados pelas ações antrópicas podem aumentar a concentração de substâncias potencialmente tóxicas, capazes de afetar a sobrevivência dos seres vivos. Na Antártica, eventos de poluição antrópica, decorrentes das estações de pesquisa como a estação Casey, podem ter maior significado do que em outros continentes, devido à rapidez e amplificação das suas respostas ecossistêmicas decorrentes das suas condições ambientais e isolamento. Para compreender as consequências das ações humanas sobre o meio ambiente para mitigar seus impactos, a meiofauna se destaca, sendo amplamente utilizada como bioindicador para monitoramento de ecossistemas costeiros de diferentes regiões. O objetivo geral deste estudo foi avaliar os impactos antropogênicos causados pelas diferentes poluições oriundas da estação Casey, através dos parâmetros biológicos e funcionais da meiofauna. A amostragem foi realizada usando um design hierárquico aninhado com três escalas espaciais: os locais (separadas por kms); dentro de cada local havia, geralmente, duas áreas (? 100 m de distância) e em cada área havia pelo menos dois pontos (? 10m de distância). A coleta das amostras de sedimento foi realizada em dez regiões ao redor da Estação Casey, 4 regiões foram amostradas para servir como réplicas do tratamento controle e as outras 6 para o tratamento de áreas perturbadas. Para análise biótica, amostras foram lavadas e a meiofauna foi preservada e identificada à nível de ordem ou categorias superiores. Já para a abiótica, o tamanho do grão, matéria orgânica, nutrientes e concentrações de poluentes associados aos impactos nos locais (metais, hidrocarbonetos totais de petróleo e poluentes orgânicos persistentes), foram analisados, seguindo os métodos analíticos detalhados em Stark et al. (2014). Análises univariadas e multivariadas, porcentagens de similaridades e gráficos da abundância, diversidade, composição da comunidade, fatores ambientais e correlação entre eles, foram realizados através do pacote de software estatístico PRIMER V7 + PERMANOVA 7. A densidade e a riqueza da meiofauna variaram significativamente entre os locais, apresentando maiores oscilações nos locais impactados. As diferenças encontradas na comunidade da meiofauna foram fortemente correlacionadas com concentrações mais altas de poluentes (metais, hidrocarbonetos e poluentes orgânicos persistentes), conhecidos por ocorrer no local de disposição de resíduos adjacente (Stark et al., 2023). Também houve diferenças da composição das comunidades da meiofauna entre o local mais próximo e mais distante do impacto, sendo esse último mais diverso, rico e equitável, demonstrando um gradiente de impacto claro. Nos locais com distância média da fonte de impacto, as comunidades de meiofauna demonstram maior semelhança com as áreas mais distantes do impacto. As diferenças no tamanho dos grãos entre os locais foram fortemente correlacionadas com as diferenças nas comunidades da meiofauna, os sedimentos mais finos correlacionaram positivamente com os locais mais impactados, favorecendo um maior acúmulo de partículas potencialmente tóxicas (He et al., 2014). Concluiu-se que os poluentes, principalmente metais e hidrocarbonetos totais, presentes ao redor da estação Casey, estão envolvidos na perda de biodiversidade na Antártica, mesmo em pequenas concentrações. E, que a granulometria também desempenhou um papel importante na distribuição da meiofauna.

  • Palavras-chave
  • Ecotoxicologia, meiobentos, poluição, sedimento marinho
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  • Zoologia Aplicada
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