Os recifes de corais estão entre os ecossistemas marinhos mais importantes e ameaçados atualmente. No cenário climático crítico atual, em que as Áreas Marinhas Protegidas (AMP’s) continuam sendo primordiais para fins de conservação, sua eficiência é dependente de estudos detalhados do ecossistema. Tais avaliações, porém, têm sua resolução comprometida quanto a aplicação de protocolos de monitoramento globalmente utilizados, devido a desconsiderar certas particularidades em escala regional. Para recifes com baixa cobertura coralínea, como no nordeste do Brasil, questões como tamanho e viabilidade de populações de corais podem permanecer ignoradas por muito tempo. Isso é especialmente relevante quando são considerados estudos preditivos, nos quais tais populações estão virtualmente fadadas a grandes reduções ou extinções. Desse modo, abordamos a importância de mapeamentos de fauna coralínea baseados em busca ativa em esforço máximo em dois recifes do nordeste do Brasil, a fim de prover subsídios para estratégias de conservação e restauração mais direcionadas. O estudo foi realizado em duas praias do litoral sul de Pernambuco - Brasil: Porto de Galinhas (PG) e Serrambi (SR). Inicialmente, aplicou-se amostragens de transectos aleatórios, sendo verificada baixa cobertura coralínea em todos os pontos (2,98%), conforme esperado. A partir de então, foram adotadas duas estratégias de censo através de mapeamento das principais espécies de corais construtoras da região: Millepora alcicornis, Mussismilia hispida, Mussismilia harttii, e Montastraea cavernosa. Para isso, em PG, utilizou-se, de uma amostragem com base em ciência cidadã, enquanto em SR apenas esforço acadêmico foi empregado. Como resultado, foi produzido o primeiro censo coralíneo dessas localidades. Em PG, um recife de cerca de 2 km, foram georreferenciadas e fotografadas 636 colônias, sendo Millepora alcicornis (38,99%) a mais frequente. Em SR, um recife duas vezes maior foram georreferenciadas apenas 349 colônias, com dominância de Montrastraea cavernosa (42,12%), provavelmente devido a um menor esforço. Em comparação com estudos anteriores, é possível constatar que houve alteração na cobertura recifal, com dominância notável de algas. Além disso, foi possível identificar o declínio ou mesmo desaparecimento de populações inteiras, como no caso de Mussismilia spp., Scolymia wellsi e Millepora braziliensis. Ambos os locais foram fortemente modificados por ações antrópicas, provocando o declínio da biodiversidade. Dessa forma, é crucial que áreas com perspectivas de grandes perdas de cobertura coralínea tenham suas comunidades totalmente recenseadas, a fim de melhor embasar estratégias de restauração e políticas de manejo e conservação.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia