O aumento da demanda por turismo de observação de fauna transformou esta atividade no principal atrativo de Fernando de Noronha (FN), envolvendo mais de 100 mil pessoas por ano. Mas o crescimento desordenado do turismo náutico em FN tem trazido problemas comportamentais para várias espécies marinhas, como golfinhos, tubarões, aves e peixes. O Objetivo deste trabalho é descrever o uso da Zoologia aplicada ao turismo de observação de fauna em FN. Este estudo foi desenvolvido com análises de dados pretéritos, de metadados e de entrevistas com 50 visitantes de FN. O principal objetivo da viagem a FN foi conhecer (84%), sendo que as atividades principais apontadas foram de turismo de observação de fauna (28%) e mergulho (28%). Em média, os entrevistados afirmaram que “Observar Fauna” representou 64% (DP=28%) da motivação de sua viagem a Fernando de Noronha, sendo que a média da motivação por tipo de fauna foi: fauna submarinha (X=68%, DP=25%), golfinhos (X=59%, DP=33%), aves (X=29%, DP=31%). Os prestadores de serviço foram quem mais informou tanto sobre a fauna local como quanto as normas de conservação da ilha. Entre os visitantes entrevistados, 56% observaram o golfinho-rotador, 48% observaram a ave rabo-de-junco (Phaenthon lepturus), 44% observaram o tubarão-limão (Negaprion brevirostris), 34% observaram o passarinho sebito (Vireo gracilirostris), 26% observaram o peixe-papagaio (Sparisoma frondosum), 22% observaram o peixe donzela-de-rocas (Stegastes rocasensis), 22% observaram o passarinho cocoruta (Elaenia ridleyana), 18% observaram o peixe budião-batata (Sparisoma axillare), 10% observaram a raia-manta (Mobula sp.), 6% observaram o tubarão-dos-recifes (Carcharhinus perezi) e 6% observaram o mero (Epinephelus itajara). O resultado mais significativo deste trabalho é que 80% dos 50 visitantes entrevistados afirmaram que o observar fauna na natureza pode mudar suas atitudes em prol da conservação ambiental. Como esperado, o golfinho-rotador foi a espécie animal mais observada pelos visitantes, evidenciando que FN é um dos locais mais provável de se observar golfinhos no mundo e que existe toda uma gama de atividades econômicas voltadas para a observação deste animal. Mas, conforme relatado, o crescimento desordenado do turismo náutico no Arquipélago tem produzido graves impactos sobre estes cetáceos. A baixa atratividade que a observação de aves tem como motivo da viagem para FN (29%) em comparação a alta probabilidade de observa-las no arquipélago (>50%) demostra se faz urgente que o ICMBio Noronha estimule a prática do turismo de observação de aves, como por exemplo, fechando a Trilha Mirante dos Golfinhos a Escada do Sancho apenas para turistas observadores de aves, guiados por condutores especializados no turismo de observação de aves que forneçam binóculos aos visitantes. Mas, a viabilidade socioambiental do turismo de observação de fauna em FN passa pela viabilidade econômica da atividade sem que ocorra a externalidade negativa. Isto é: sem que o custo social e ambiental dos empresários seja dividido com a sociedade por meio de impactos socioambientais não computados no custo da operação. Assim, urge para que o Estado de Pernambuco e o ICMBio limitem a prestação de serviços em turísticos de observação de fauna apenas a comunidade local.
Comissão Organizadora
XXI Encontro Zoologia do Nordeste
Jesser F. Souza-Filho
Carlos Eduardo Aragão Neves Xavier
Rayanne Gleyce Oliveira dos Santos
Juliano Gomes
Carine Mendes
Geórgia Brennichi Cabral
Aurinete Oliveira Negromonte
Girlene Fábia Segundo Viana
ALINE DOS SANTOS RIOS
Comissão Científica
Jose Souto Rosa Filho
Mauro de Melo Júnior
Julianna de Lemos Santana
Bruna Teixeira
Marina de Sá Leitão C. Araújo
DAVY BARBOSA BERGAMO
Rede Social do evento
Sociedade Nordestina de Zoologia