GESTÃO TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO PARA EQUIDADE RACIAL: MULHERES NEGRAS NA DOCÊNCIA E LIDERANÇA UNIVERSITÁRIA

GESTÃO TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO PARA EQUIDADE RACIAL: MULHERES NEGRAS NA DOCÊNCIA E LIDERANÇA UNIVERSITÁRIA

• Autor
• Evelise Santos Sousa
• Co-autores
• Thais Hoffman Arnoni , Maurício Fernandes Pereira
• Resumo

• Este artigo analisa a presença - ou ausência - de mulheres negras na carreira docente e em cargos de liderança acadêmica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), à luz das políticas de ações afirmativas e da legislação vigente voltada à equidade racial e de gênero. A pesquisa parte do pressuposto de que a efetividade das ações afirmativas no ensino superior brasileiro não pode ser medida apenas pelo ingresso discente, mas requer a análise da composição docente e da ocupação de espaços de poder. A metodologia utilizada foi documental, com abordagem quantitativa e natureza descritiva. Os dados foram coletados a partir do Diagnóstico de Racismo Institucional da UFSC (2023), normativas federais e internas - como a Lei nº 12.711/2012 (Lei de Cotas), a recém-revogada Lei nº 12.990/2014, a nova Lei nº 15.142/2025, o Decreto nº 12.536/2025 e a Resolução Normativa nº 34/CUn/2013 -, além de editais, relatórios administrativos e o Plano de Desenvolvimento Institucional da universidade.

  Os resultados apontam para a persistência de um padrão estrutural de sub-representação de mulheres negras tanto na docência quanto em cargos de gestão. Em 2023, esse grupo representava apenas 3,2% do corpo docente efetivo da UFSC, com presença simbólica em funções de liderança. A análise revela que, embora as políticas de cotas tenham promovido avanços significativos no acesso discente, tais medidas ainda não foram incorporadas de forma estrutural nos concursos públicos e nos processos de progressão docente. A ausência de normativas internas que articulem os marcos legais recentes à realidade universitária contribui para a manutenção de desigualdades raciais e de gênero.

  A pesquisa também nos mostra que o discurso meritocrático e a ausência de comissões de acompanhamento, indicadores públicos e metas institucionais dificultam a implementação de políticas de inclusão de forma permanente. O estudo adota o referencial teórico da interseccionalidade para compreender como raça e gênero se entrelaçam na produção das desigualdades institucionais. A análise conclui que, para que as universidades públicas avancem do acesso à transformação estrutural, é necessário incorporar mecanismos de monitoramento, responsabilização institucional e revisão de normativas que garantam a presença de mulheres negras em condições equitativas na carreira docente e nos espaços decisórios.

• Palavras-chave
• Ações afirmativas. Equidade racial. Mulheres negras. Docência universitária. Gestão acadêmica.
• Área Temática
• Administração Pública, Governo e Terceiro Setor (AGT)