Introdução: O consumo crônico de etanol aumenta a pressão sanguínea e promove disfunção vascular por meio da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), aumentando a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e mediadores inflamatórios. O objetivo do presente estudo foi avaliar a participação dos receptores mineralocorticoides (MR) na disfunção vascular induzida pelo etanol. Métodos: Ratos Wistar Hannover (250-300g) foram distribuídos em 6 grupos: Controle: animais receberam água ad libitum por 5 semanas e gavagem diária (GD) do veículo (CV), antagonista MR [canrenoato de potássio, 30 mg/kg/dia, (MRA) ] ou injeção intraperitoneal (I.P) de apocinina [10 mg/kg/dia, (APO)]; Etanol: Receberam etanol 20% (v/v) por 5 semanas e GD do veículo (E+V), canrenoato de potássio (E+MRA) ou I.P de apocinina (E+APO). Foram coletados sangue e aorta torácica para as análises bioquímicas e funcionais (CEUA#20.1.402.22.4). A Pressão sistólica foi obtida pela canulação da artéria femoral, a concentração in situ de ERO foi avaliada pela incubação com a sonda fluorescente DHE, a expressão proteica da NOX1 e COX-2 foi avaliada por Western Immunoblotting, as concentrações de aldosterona e tromboxano B2 (TxB2) foram obtidas por ELISA. Curvas concentração-resposta para fenilefrina foram obtidas em anéis aórticos com (E+) ou sem (E-) endotélio, na ausência ou após incubação (30min) com as seguintes substâncias: tiron (100µmol/l, sequestrador de superóxido), SC236 (10µmol/l, inibidor seletivo COX-2) ou SQ29548 (3µmol/l, antagonista dos receptores TP). Os resultados foram expressos como média ± E.P.M e analisados por two-way ANOVA/pós-teste Bonferroni (p<0,05). Resultados: O bloqueio dos MR preveniu o aumento na pressão sistólica (mmHg) induzida pelo etanol (CV=115,8±4,8; E+V=144,5±2,5*; MRA=117,4±5,0; E+MRA=124,3±5,1*; n=5-7) mas não o aumento na concentração circulante de aldosterona (pg/ml) (CV=612,8±11,5; E+V=672,7±5,7*; MRA=614,5±7,6; E+MRA=668,2±7,0*; n=6-8). O etanol promoveu hiper-reatividade para a fenilefrina (mN) em anéis E+ (CV=10,9±0,3; E+V=15,9±0,6*; MRA=11,4±0,4; E+MRA=9,9±0,5; n=8-10) e E- (CV=16,1±0,7; E+V=21,7±0,8*; MRA=15,1±0,3; E+MRA=5,4±0,6; n=7-11) e o MRA preveniu esse efeito. A incubação com o tiron reverteu a hipercontratilidade induzida pelo etanol (mN) (CV=16,1±0,7; E+V=21,7±0,8*; C+tiron=14,6±1,4; E+tiron= 15,1±0,6; n=6-8). O bloqueio do MR preveniu o aumento na concentração in situ de ERO (U.A) (CV=5,4±0,4; E+V=8,0±0,7*; MRA=6,4±0,2; E+MRA=5,6±0,4; n=4-6) e expressão da NOX1 (U.A) (CV=0,069±0,01; E+V=0,207±0,04*; MRA=0,080±0,01; E+MRA=0,081±0,01; n=6-8) induzidos pelo etanol. A incubação com o SC236 (mN) (CV=16,1±0,7; E+V=21,7±0,8*; C+SC236=16,0±1,1; E+SC236=16,0±0,3; n=7-8) e com o SQ29548 (mN) (CV=16,1±0,7; E+V=21,7±0,8*; C+SQ29548=15,6±0,7; E+SQ29548=15,2±0,8; n=7-8) reverteram a hipercontratilidade induzida pelo etanol. O tratamento com o MRA e com apocinina preveniu o aumento na expressão da COX-2 (U.A) (CV=0,035±0,005; E+V=0,067±0,009*; MRA=0,027±0,007; E+MRA=0,016±0,003; C+APO=0,013±0,004; E+APO=0,019±0,006, n=4-6) e na concentração de TxB2 (pg/mg proteína) (CV=221,8±61,5; E+V=708,6±133,2*; MRA=149,4±38,1; E+MRA=224,5±29,4; C+APO=157,9±26,2; E+APO=213,5±47,6, n=5-7) induzidos pelo etanol. Conclusão: A hipertensão e hipercontratilidade vascular induzidos pelo etanol são mediados pelos MR, que promovem hipercontratilidade aumentando a produção de ERO, regulação positiva da COX-2 e superprodução de TxA2.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica