INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial resistente (HR) é diagnosticada quando os indivíduos não apresentam valores ideais de pressão arterial (PA; <140/90mmHg) com o uso de três medicamentos anti-hipertensivos, ou quando alcançam o controle da PA com a administração de quatro ou mais fármacos, sendo um da classe dos antidiuréticos. Pacientes com HR podem apresentar comprometimento da função vascular induzida por estresse, entretanto os mecanismos envolvidos ainda não são conhecidos. Sugere-se que a menor biodisponibilidade do óxido nítrico (NO) em resposta ao estresse mental (EM) possa prejudicar a função vascular nesses pacientes. OBJETIVOS: Determinar os efeitos da inibição da fosfodiesterase 5 sobre respostas vasculares ao EM em pacientes com HR. MÉTODOS: Trata-se de um protocolo transversal, randomizado, cruzado, duplo-cego e controlado por placebo (CAAE:79958017.3.0000.5243). Em duas sessões experimentais, pacientes do sexo feminino e masculino, com idade entre 40-65 anos (n=13), foram submetidos a uma administração oral de inibidor de PDE-5 (iPDE5; sildenafil 50 mg) ou placebo (PL). Após 30 minutos, os pacientes foram submetidos ao EM (Stroop Color Word Test modificado). As análises do padrão de fluxo foram medidas no momento basal, durante o EM e nos 30 segundos finais da recuperação pós estresse, sendo utilizada a técnica de ultrassom doppler vascular (Logiq P5,GE, Hatfield, Hertfordshire, Inglaterra). Amostras de sangue foram coletadas no basal, durante o EM, e 30EM para análises da atividade das metaloproteinases (MMP2 e MMP9) pelo método de zimografia. Os dados foram apresentados como média ± desvio padrão. ANOVA two-way de medidas repetidas foi usada para comparar os momentos/sessões. RESULTADOS: No momento basal, foram observados menor diâmetro (PL: basal 0,383±0,074 vs. iPDE-5: basal 0,368±0,047 cm; p<0,01), fluxo retrógrado (PL: basal 11,40±8,10 vs. iPDE-5: basal 6,01±6,43 mL/min; p<0,01) e taxa de cisalhamento (TC) retrógrado (PL: basal 17,68±10,79 vs. iPDE-5: basal 9,71±7,88 s-1; p<0,01) na sessão iPDE5 em relação a sessão PL. Tanto o fluxo retrógrado quanto a TC não se alteraram ao longo do protocolo. Na sessão PL não houve alteração de diâmetro em resposta ao EM, enquanto na sessão iPDE5, foi observado aumento de diâmetro em resposta ao EM (PL: EM 0,389±0,076 vs. iPDE-5: EM: 0,383±0,055 cm; p<0,01), retornando a valores semelhantes ao basal durante a recuperação. De forma semelhante entre as sessões experimentais, foram observados um aumento da velocidade média (PL:basal 4,57±2,02 vs. EM 8,48±5,80 cm/s; iPDE5:basal 4,94±4,25 vs. EM 8,30±5,82 cm/s; p<0,05), fluxo médio (PL:basal 26,09±10,44 vs. EM 39,69±15,57 cm/s; iPDE5: basal 20,80±9,37 vs. EM 38,92±27,74 mL/min; p<0,01) e anterógrado (PL: basal 40,43±24,22 vs. EM 62,65±55,76 cm/s; iPDE5: basal 33,44±14,99 vs. EM 58,24±29,57 mL/min; p<0,05), bem como de TC média (PL: basal 51,22±32,06 vs. EM 100,49±82,70 s-1; iPDE5: basal 65,58±67,19 vs. EM 100,36±87,81 s-1; p<0,01) e anterógrada (PL: basal 68,57±32,33 vs. EM 111,86±77,38 s-1; iPDE5: basal 74,34±63,76 vs. EM 103,77±87,34 s-1; p<0,05) em resposta ao EM. Não foram observadas diferenças no índice de cisalhamento oscilatório e para as atividades das MMP2 e MMP9. CONCLUSÃO: O estresse foi capaz de levar a alterações hemodinâmicas em hipertensos resistentes, enquanto o iPDE5 foi capaz de melhorar a resposta vascular através de uma vasodilatação e redução dos componentes retrógrados do fluxo.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica