Cecal Slurry Como Uma Alternativa Ao Modelo De Ligação E Perfuração Cecal Para O Estudo Da Hiporreatividade Vascular Induzida Pela Sepse

  • Autor
  • Gabrielle Delfrate
  • Co-autores
  • Daniel Fernandes
  • Resumo
  • A sepse é uma disfunção orgânica causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. O choque séptico é um agravamento caracterizado por hipotensão severa e refratária a vasoconstritores, o que está atrelado a uma alta taxa de mortalidade. O modelo experimental de ligadura e perfuração cecal (CLP) é amplamente utilizado no estudo da sepse. Porém, a alta invasividade e variabilidade são limitações do modelo. Uma alternativa menos invasiva é a injeção intraperitoneal de uma suspensão de conteúdo cecal (CS, do inglês cecal slurry). Entretanto, esse modelo experimental ainda é pouco descrito na literatura, limitando a sua aplicação em estudos que buscam terapias para a sepse com foco no sistema cardiovascular. Neste estudo, o objetivo foi padronizar o modelo CS em ratos Wistar e avaliar sua capacidade de reproduzir a disfunção cardiovascular observada na sepse, comparado ao modelo CLP. Foram utilizados ratos machos (90 dias; 300-400g; CEUA UFSC: 9785211221). Os animais foram submetidos à sepse por CLP (sob anestesia inalatória com isoflurano 3%) ou CS (1 g/kg i.p. de conteúdo cecal de ratos doadores, sem anestesia), e avaliados após 24 horas. Animais NAIVE (sem intervenção) foram utilizados como controles. A pressão arterial média basal foi mensurada por uma cânula acoplada a um transdutor (Powerlab 8/30) na carótida dos animais anestesiados (cetamina 90 mg/kg i.p.; xilazina 10 mg/kg i.p.). A magnitude e duração da resposta pressórica foi avaliada após administração intravenosa de vasoconstritores em doses crescentes e não cumulativas. Além disso, a reatividade vascular foi avaliada em anel de aorta isolado, sem tecido perivascular e com endotélio. Foi observado hipotensão nos grupos CLP (75,92 ± 7,15mmHg) e CS (64,08 ± 11,9 mmHg) em comparação à NAIVE (101,1 ± 13,7 mmHg) (n = 10-11; ANOVA; p<0,05), além da diminuição da resposta pressórica a fenilefrina (AUC: NAIVE: 54,29 ± 5,48 ua; CLP: 39,14 ± 6,75 ua; CS: 35,83 ± 5,54 ua) e angiotensina II (AUC: NAIVE: 44,89 ± 5,63 ua; CLP: 20,19 ± 5,04 ua; CS: 16,74 ± 3,61 ua) (n = 9-11; ANOVA; p<0,05). Houve diminuição significativa da resposta contrátil à fenilefrina em vaso isolado nos grupos CLP (Emáx 0,95 ± 0,19 g) e CS (Emáx 1,1 ± 0,18 g) em comparação a NAIVE (Emáx 1,5 ± 0,19 g) (n = 8; ANOVA; p<0,05). Tais alterações cardiovasculares já foram amplamente descritas no modelo CLP. Entretanto, são parcialmente relatadas no modelo CS. Portanto, os resultados indicam que o modelo CS reproduziu a disfunção hemodinâmica e hiporreatividade vascular induzida pela sepse de forma consistente. Esse estudo representa um avanço para o refinamento dos modelos experimentais de sepse, pois fornece uma alternativa menos invasiva e que oferece vantagem na padronização e aplicação em comparação ao modelo CLP. 

  • Palavras-chave
  • Choque séptico, Modelo animal, Hiporreatividade.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
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  • Projetos Científicos

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