A progesterona desempenha um importante papel em processos fisiológicos relacionados aos órgãos reprodutivos, mas já se sabe que pode atuar em outros sistemas, como o cardiovascular. No entanto, pouco se sabe sobre seu papel em diferentes leitos vasculares, especificamente em artérias de resistência. O objetivo deste estudo foi avaliar possíveis diferenças sexuais na vasodilatação induzida por progesterona em artérias mesentéricas de resistência em animais de ambos os sexos. Métodos: Os procedimentos experimentais foram realizados em ratos Wistar adultos de ambos os sexos (10-12 semanas de idade). As artérias mesentéricas de terceira ordem foram isoladas, seccionadas em anéis de 2 mm e montadas em um sistema de miografia de resistência. A resposta de relaxamento foi caracterizada por meio de curvas de concentração-resposta à progesterona (10 nM - 10 ?M), antes e após a remoção endotelial ou incubação com inibidores das enzimas óxido nítrico sintase (NOS) (N?-nitro-L-arginina metil éster - L-NAME, 300 ?M), ciclooxigenase (COX) (indometacina - INDO, 10 ?M) isoladamente ou conjugadas com inibidor não seletivo da citocromo P450 (CYP) (Clotrimazol- CLOT, 0,75 ?M) ou degradador de peróxido de hidrogénio (H2O2) (Catalase - CAT, 1000 unidades/mL). Ivestigamos também a participação do cálcio por meio de curvas concentração-resposta com CaCl2 (10 µM – 30 mM) antes e após a incubação com progesterona (50 mM) ou nifedipina (1 µM). A análise dos dados foi realizada pelo GraphPad Prism 8 (GraphPad Software) e todos os dados expressos como média ± EPM e foi estabelecido o nível de significância de P<0,05. Todos os protocolos foram aprovados pela CEUA-UFES (#18/2020). Resultados: O relaxamento promovido pela progesterona foi semelhante em fêmeas (50,6 ± 2,4 %) e machos (50,8 ± 2,5 %), porém com a participação de diferentes mediadores endoteliais e extra-endoteliais. O relaxamento induzido pela progesterona nas fêmeas pareceu ser mais dependente dos prostanoides, e de vias extra-endoteliais do óxido nítrico (NO). Nos machos parece ser mais dependente da via do NO, seguido pela via do peróxido de hidrogênio (H2O2) e dos ácidos epoxieicosatrienoicos (EETs). No entanto, em ambos os sexos, a progesterona parece modular negativamente o controle do cálcio. Houve redução significativa da resposta contrátil na presença da progesterona e da nifedipina em fêmeas (controle: 0,7 ± 0,1 %, progesterona: 0,1 ± 0,9 %, nifedipina: 0,1 ± 0,07 %) e machos (controle: 1,3 ± 0,4 %, progesterona: 0,02 ± 0,02 %, nifedipina: 0,1 ± 0,05 %). Conclusão: Esses achados são importantes para um melhor entendimento das ações vasculares promovidas pela progesterona em ambos os sexos, e talvez para o desenvolvimento de melhores formas de terapias de reposição hormonal na peri e pós-menopausa.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica