Introdução: O PVAT é um tecido biologicamente ativo que libera substâncias que controlam o tônus vascular. A sepse é um importante problema de saúde pública em que cerca de 1/3 dos pacientes que sobrevivem são readmitidos no hospital, a curto prazo, com problemas cardiovasculares. A sepse e o dimorfismo sexual são capazes de alterar a função do PVAT, podendo interferir na homeostase vascular. Sendo assim, a nossa hipótese é que haverá alteração do perfil vasoativo do PVAT, em animais sobreviventes à sepse, de formas diferentes entre os sexos. Objetivo: investigar o perfil do PVAT em animais sobreviventes à sepse e a influência do dimorfismo sexual neste perfil. Métodos: Camundongos machos e fêmeas, Balb/C (8 semanas), do Biotério Central da UFMG (Comitê de ética-238/2021), foram divididos em 4 grupos: Naive (controle) – [M-Naive, F-Naive] e animais que sobreviveram à sepse (Cecal Ligation and Puncture - CLP) – [M-CLP, F-CLP]. Foram realizadas medidas de massa corporal e do baço, curva de sobrevida, score clínico e aferição de pressão arterial (dia 0 – antes do CLP, 24h, 48h, 72h, 1 e 2 semanas após CLP) além da avaliação do índice de adiposidade corporal (IAC) e estudo da reatividade vascular, 15 dias após indução de CLP. Resultados: Os sobreviventes à sepse machos apresentaram: perda de massa corporal (13%) com recuperação completa no 15º dia, diminuição do índice de adiposidade corporal (IAC) (25%) [M-Naive-3,6±0,15 (n=12); M-CLP-2,7±0,2 (n=08)], aumento do baço (20%), da mortalidade [M-Naive – 0% (em todos os tempos); M-CLP - 24h: 6,5%, 48h: 7,5%, 72h: 7,5%, 7d: 12,5%, 15d: 0%] e do score clínico, diminuição da pressão arterial diastólica (24h após CLP) [M-Naive - 24h: 83,6±1,5 (n=07); M-CLP – 24h: 76,2±1,8 (n=08)]. Nenhuma alteração na contração da aorta foi observada em respostas dependentes ou não de receptor e houve perda do perfil anti-contrátil do PVAT. As sobreviventes à sepse fêmeas apresentaram: perda de massa corporal (8,5%) com recuperação completa no 7º dia, aumento da mortalidade [F-Naive - 0% (em todos os tempos); F-CLP - 24h: 3,5%, 48h: 10%, 72h: 10%, 7d: 11%, 15d: 0] e do score clínico, diminuição da pressão arterial sistólica (24h pós CLP) [F-Naive - 24h: 100,3±3,2 (n=03); F-CLP - 24h: 85,0±2,3 (n=03)] e da frequência cardíaca 7 dias após CLP [F-Naive – 7d: 489±11,2 (n=03); F-CLP - 7d: 456±3,0 (n=03)] e nenhuma alteração na contração vascular em respostas dependentes e independentes de receptor. Quando feita a comparação dos resultados entre machos e fêmeas observou-se que o grupo F-CLP teve uma menor perda de massa corporal aliada a uma recuperação mais rápida da mesma e menor contração em resposta ao KCl em comparação ao grupo M-CLP [F-CLP - 2,7±0,02 (n=04); M-CLP - 4,0±0,03, (n=03)] e fisiologicamente o grupo F-Naive não apresentou o perfil anti-contrátil do PVAT como observado em M-Naive. Conclusão: Nossos resultados sugerem que animais sobreviventes à sepse não apresentam modificação do perfil contrátil, dependente ou não de receptores em aortas torácicas. Entretanto, o perfil anti-contrátil do PVAT, observado em machos Naive, se perde em aortas de animais sobreviventes à sepse. Mostra ainda que o dimorfismo sexual interfere em alguns fatores, com destaque para a resposta contrátil ao KCl, mostrando que fêmeas sépticas parecem ter um prejuízo na resposta contrátil via despolarização a um quadro de sepse quando comparadas aos machos.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica