Introdução: O diabetes mellitus (DM) está associado a complicações micro e macrovasculares. A hiperglicemia crônica, a resistência à insulina e a inflamação são consideradas peças-chave para a disfunção endotelial encontrada no DM. Os receptores do tipo toll-like 2 (TLR2) são componentes do sistema imune inato, expressos em células endoteliais, e que podem ser ativados por diversos padrões moleculares associados ao dano tecidual (DAMP), incluindo a proteína 1 do grupo de alta mobilidade (HMGB1). Em comorbidades, como no DM, e nas doenças cardiovasculares, há maior ativação dos receptores TLR2, resultando em inflamação. Hipótese: Durante o DM há maior produção vascular de HMGB1, ativação dos receptores TLR2, resultando em inflamação, redução da biodisponibilidade de óxido nítrico (NO) e disfunção endotelial. Métodos: Procedimentos aprovados pela CEUA-FMRP/USP (#1071/2022). Foram utilizados camundongos machos C57BL/6 (WT) e deficientes para o receptor TLR2 (TLR2-/-) de aproximadamente 25 gramas. Os camundongos receberam injeções i.p. diárias de veículo (citrato de sódio 0,1M) ou estreptozotocina (STZ, 50mg/kg/dia) durante 5 dias. A concentração de glicose no sangue e a massa corporal foram mensuradas semanalmente (por 4 semanas) antes e a partir da primeira injeção de STZ. A função endotelial foi avaliada em anéis de aorta torácica. As aortas de todos os grupos foram utilizadas para estudo de mecanismos. Resultados: Administrações de STZ elevaram a glicemia em WT e TLR2-/- [área sob a curva (AUC representando mg/dL) - WT: 3325±128 n=6; WT_STZ: 7445±471 n=6; TLR2-/-: 3755±502 n=4; TLR2-/-_STZ: 7492±371 n=4]. Tal evento foi acompanhado por queda progressiva na massa corporal (AUC representando gramas - WT: 696,3±18,5 n=6; WT_STZ: 565,8±16,7 n=6; TLR2-/-: 698,1±22,2 n=4; TLR2-/-_STZ: 554,9±21,9 n=4). Na aorta de WT_STZ houve aumento do conteúdo proteico de TLR2 em relação a aorta de WT [em unidades arbitrárias (UA) - WT: 0,042±0,005 n=4; WT_STZ: 0,077±0,009 n=5]. A vasodilatação em resposta à acetilcolina foi diminuída em WT_STZ em relação a WT. Este efeito não foi observado em TLR2-/-_STZ [valores são expressos em relação à contração desencadeada por 2µM de fenilefrina (Emax % Relaxamento) - WT: 105,3±3,1 n=6; WT_STZ: 66,1±3,4 n=6; TLR2-/-: 101,4±2,6 n=4; TLR2-/-_STZ: 97,7±4,1 n=4]. Na aorta de WT_STZ houve redução na biodisponibilidade de NO em relação a aorta de WT. Este efeito não foi observado em TLR2-/-_STZ (em intensidade de fluorescência - WT: 416,3±33,7 n=5; WT_STZ: 241,5±17,5 n=5; TLR2-/-: 362,8±21,4 n=5; TLR2-/-_STZ: 390,6±45,8 n=5). Na aorta de WT_STZ houve aumento do conteúdo proteico de HMGB1 em relação a aorta de WT (UA - WT: 4,85±0,4 n=4; WT_STZ: 8,33±0,6 n=5]. Aortas de WT incubadas com HMGB1 (100ng/ml por 6h) mostraram vasodilatação em resposta à acetilcolina diminuída. Este evento foi prevenido na presença do antagonista de TLR2 (TL2-C29 50µM) (Emax % Relaxamento - WT: 108,4±3,5 n=6; WT_HMGB1: 69,8±3,7 n=6; WT_HMGB1_TL-2C29: 98,3±5,1 n=6). Conclusão: No DM induzido por STZ há aumento de HMGB1 vascular, consequente ativação de TLR2 e redução da biodisponibilidade de NO. Este conjunto de eventos promove disfunção endotelial. Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica