Os impactos do tributilestanho (TBT), considerado o mais tóxico triorganoestânico, sobre a biota marinha evidenciaram-se com indícios de mudança na anatomia do gastrópode Nucella lapillus. Neste, foi constatado o surgimento de órgãos sexuais masculinos em fêmeas, fenômeno este denominado de Imposex. Apesar de ter sido proibido, investigações recentes têm indicado alta incidência de TBT em diferentes ecossistemas, principalmente o marinho. Nesse sentido, estudos vêm sendo desenvolvidos para analisar se o TBT, mesmo em concentrações mais baixas que o tolerado, poderia promover danos ao organismo. Atualmente há pouca informação sobre os efeitos do TBT nos vasos sanguíneos, especificamente na circulação coronariana. Este trabalho, portanto, foi desenvolvido com o objetivo de investigar os possíveis efeitos do tratamento com TBT sobre a reatividade vascular coronariana dependente do endotélio em ratas normotensas e hipertensas. A nossa hipótese é que o tratamento com TBT prejudique a reatividade vascular tanto em ratas normotensas quanto hipertensas. Serão utilizadas ratas Wistar e espontaneamente hipertensas (SHR), com idade de 12 semanas (180 – 200 g), em protocolos previamente aprovados pela CEUA-UFES (#19/2022). Os procedimentos utilizados neste estudo seguirão as diretrizes do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal - CONCEA (CONCEA - MCT, 2016). Os animais serão divididos em quatro grupos: controle normotenso (N-CON), controle hipertenso (H-CON), normotenso tratado com TBT (N-TBT) e hipertenso tratado com TBT (H-TBT). Os animais serão tratados por via orogástrica com solução de tributilestanho, 100 ng/Kg diluído em solução etanólica 0.4 %, ou com solução veículo durante 15 dias. O ciclo estral será monitorado por meio de esfregaço vaginal e a reatividade vascular do leito coronário será examinada por meio do método de Langendorff modificado. As artérias coronárias serão coletadas para análise histológica, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e análise de fluorescência (DAF-2 e DHE). A pressão arterial sistólica será determinada por meio de pletismografia de cauda. Os dados serão expressos como média ± erro padrão da média (EPM). Após a confirmação de normalidade (com teste de Shapiro-Wilk), os dados serão examinados por teste t não pareado e análise de variância de uma via (one-way ANOVA) ou duas vias (two-way ANOVA), seguido pelo teste post hoc de Bonferroni. Serão considerados significativos valores de p<0,05. Espera-se encontrar uma alteração morfológica com possível dano endotelial nos grupos tratados com TBT. Em virtude disso, acredita-se que o TBT possa ser capaz de reduzir a vasodilatação dependente do endotélio. Deste modo, esperamos que a resposta vasodilatadora à bradicinina (BK) seja reduzida nos grupos N-TBT e H-TBT, decorrente de um possível prejuízo nas principais vias endoteliais de relaxamento (óxido nítrico - NO, prostaciclina - PGI2, ácidos epoxieicosatrienoicos - EETs). Este estudo poderá contribuir para um melhor entendimento dos efeitos tóxicos do TBT no sistema cardiovascular, especificamente na circulação coronariana, mesmo em concentrações abaixo das que são permitidas.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica