O tecido adiposo perivascular (PVAT) participa da regulação do tônus vascular, apresentando, em condições fisiológicas, o chamado efeito anticontrátil. Em doenças cardiometabólicas, como na hipertensão arterial (HA), o PVAT se encontra disfuncional. Em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) - modelo experimental de HA primária - a disfunção do PVAT da aorta torácica (PVATa) foi associada à redução de mediadores vasodilatadores, à inflamação local e ao branqueamento do tecido. Resultados prévios do nosso grupo de pesquisa sugerem que tal disfunção estaria associada à redução da resposta induzida pelo óxido nítrico (NO) e ao branqueamento do PVAT. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é avaliar mecanismos envolvidos na disfunção do PVAT aórtico de animais SHR, focando na biodisponibilidade de NO. Para tal, utilizamos dois grupos experimentais: ratos normotensos Wistar (n=15) e SHR (n=14), entre 4 e 5 meses de idade (CEUA-ICB/USP, nº 119/2016). Amostras de PVATa de ambos os grupos foram submetidas ao protocolo de Western Blot e a quantificação de espécies reativas de oxigênio (EROs) in situ por DHE. A análise estatística empregada foi teste t (*p<0,05 vs. Wistar) e os dados estão expressos em média ± erro padrão da média. No que diz respeito à síntese de NO, a expressão da isoforma endotelial da NO sintase (eNOS), importante fonte de NO, teve um aumento significativo no PVATa dos SHR (Wistar: 1,19±0,13 vs. SHR: 1,87±0,18*). Entretanto, ao avaliarmos a razão dímero/monômero da enzima, foi observado uma redução significativa desta no PVATa do grupo hipertenso (Wistar: 1,67±0,22 vs. SHR: 0,97±0,1*), sugerindo o desacoplamento da eNOS no PVAT desses animais. Já nas avaliações acerca do estado redox foi observado que a expressão proteica de enzimas da defesa antioxidante, como as isoformas 1 e 3 da superóxido dismutase (SOD1 e SOD3) e a catalase, foi similar entre os grupos. Contudo, a expressão da isoforma mitocondrial da SOD (SOD2) apresentou-se significativamente reduzida no PVATa de animais SHR (Wistar: 1,08±0,06 vs. SHR: 0,82±0,07*). Ao avaliarmos a geração de EROs no PVATa, foi observado um aumento significativo da intensidade de fluorescência no grupo hipertenso (Wistar: 342,3±15,53 vs. SHR: 405,3±25,13* U.A./número de núcleos), refletindo o estresse oxidativo no PVATa dos SHR em comparação aos Wistar. Assim, os resultados sugerem que o PVAT dos SHR apresenta um estado pró-oxidativo, via redução da defesa antioxidante mitocondrial e desacoplamento da eNOS, podendo contribuir para a perda da função anticontrátil do tecido ao interferir no balanço redox e na biodisponibilidade de NO.
Apoio financeiro: FAPESP, CNPq e CAPES
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica