A obesidade altera o adequado funcionamento do sistema cardiovascular, comprometendo a função do endotélio vascular e o padrão secretório do tecido adiposo perivascular (PVAT). A autofagia, que regula a homeostase celular, pode se encontrar suprimida na obesidade, presumindo-se que seja uma resposta subjacente a disfunção do PVAT. A trealose é uma substância conhecida por ser capaz de promover a autofagia, porém não se sabe seus efeitos no PVAT. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do tratamento com trealose na disfunção do PVAT em aorta torácica de camundongos obesos. Foram utilizados camundongos machos C57BL6/JUnib com 3-4 semanas de idade (CEUA/IB/UNICAMP: 5655-1/2020 e 6152/2022). Os animais foram divididos em 4 grupos: controle (CTR), controle trealose (CTR+TREA), obeso (OB) e obeso trealose (OB+TREA). A obesidade foi induzida por alimentação hiperlipídica (6,2 kcal/grama: 32% de carboidratos, 20,3% de proteínas e 38% de lipídios) por doze semanas e o tratamento com trealose foi realizado por via oral (gavagem, 150 mg trealose/animal/dia) nas últimas quatro semanas do protocolo experimental. A reatividade vascular em aorta torácica com endotélio intacto na ausência (PVAT-) e na presença do PVAT (PVAT+) foi verificada aos agentes acetilcolina (ACh) e ao análogo do tromboxano A2 (U46619). A geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) no PVAT também foi avaliada. Os dados de reatividade vascular em anéis PVAT- e PVAT+ foram analisados utilizando teste t e para análise dos quatro grupos experimentais foi aplicado o teste ANOVA duas-vias seguido de pós-teste de Bonferroni. Significância foi atribuída a valores de p<0,05. O peso corporal inicial foi similar em todos os grupos experimentais. Conforme esperado, após doze semanas de alimentação hiperlipídica, os grupos OB e OB+TREA apresentaram aumento do peso corporal, da gordura epididimal e do PVAT quando comparados aos grupos CTR e CTR+TREA, respectivamente. A presença do PVAT não alterou os valores de potência (pEC50) e resposta máxima (EMAX) à ACh nos grupos CTR e CTR+TREA, quando comparados aos respectivos anéis PVAT-. Porém, anéis PVAT+ do grupo OB apresentaram redução da EMAX (aproximadamente 22%) à ACh quando comparados aos seus respectivos anéis PVAT-. Essa alteração não foi observada no grupo OB+TREA PVAT+ comparado ao seu respectivo anel PVAT-. Não observamos alteração na resposta contrátil ao U46619 para todos os grupos experimentais em anéis PVAT- e PVAT+. A geração de EROS foi similar em todos os grupos. Concluímos que a presença do PVAT causou disfunção endotelial em aorta torácica de camundongos obesos e o tratamento com trealose normalizou essas alterações vasculares.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica